A Prefeitura revelou sexta-feira, 8, o projeto de criação das novas secretarias. O formato substitui a estrutura de diretorias, já que o intuito é dar mais autonomia à pastas. Sem que a proposta tenha sido votada e aprovada na Câmara, a notícia não anima esportivas, já que o Departamento de Esportes se transformará em uma gerência da Secretaria de Promoção Social.
A comunhão de ideias entre os diversos entrevistados por O Impacto contesta a decisão de Gustavo Stupp (PDT), que pretende criar uma gestão de Juventude, Esporte e Lazer inserida na Secretaria de Promoção Social. Financeiramente, o setor já possui uma dotação orçamentária irrisória. Dos R$ 293 milhões previstos no orçamento de 2013, apenas R$ 2,2 milhões serão gastos com esporte, recreação e lazer.
A dotação é relevante ao Derel, que aparece com a quarta participação mais baixa entre os 19 setores da administração. Para o treinador de natação Ricardo Martiniano, a decisão da Prefeitura reflete um aceno de que a administração não tratará do esporte com a devida atenção e repetirá gestos de antigos governantes municipais. “O esporte em Mogi Mirim precisa de melhorias em vários aspectos. Porém, ao ver que nem mesmo uma secretaria foi criada e o assunto ficou ligado à Promoção Social, sentimos que o interesse não é tão grande assim pelo esporte”, afirmou Martiniano.
Com mais de 30 anos de serviços prestados, o treinador atualmente coordenada a equipe Clube Mogiano/Free Play em competições regionais, estaduais e nacionais. E mesmo concordando que o esporte possui uma função social importante, acredita que é preciso investir para que o segmento em Mogi Mirim atinja níveis altos de competitividade.
“Nossas crianças e jovens precisam de espelhos. Como vai surgir grandes campeões, expoentes, sem investimento?”, criticou. Para Martiniano, o primeiro passo seria a criação da secretaria. Depois, ouvir os especialistas em cada modalidade em Mogi Mirim e entender as necessidades de cada uma. Com informações ricas nas mãos, traçar um projeto e investir de forma pesada no esporte.
IMPORTÂNCIA - Em linha parecida com a de Martiniano, também está o técnico de caratê José Gilmar Janini e o jogador de vôlei Dirceu Paulino. Atualmente na Rússia, o ponta que já passou pela seleção brasileira é defensor de figuras com passagem em esportes de alta performance no comando. Porém, para que a ideia seja colocada em prática, é preciso o respaldo de uma secretaria. “Se continuar assim será mais uma administração que olha com indiferença para o esporte de Mogi Mirim”, afirmou. Ele sugeriu nomes como dos triatletas Ivan Albano e Fábio Botelho, do ex-goleiro Mauro e da esquiadora Mirlene Picin. “A cidade precisa de alguém do esporte no comando e não de político. Citei esses, mas tantos outros que sabem o que é viver do esporte de alto nível e o quanto alguém com esse conhecimento poderia somar para Mogi”.
Sem negar a esperança de que, mesmo contra o cenário ideal, o projeto de vincular o esporte à Promoção Social traga benefícios à área no município, o jogador de vôlei acredita que a permanência da conotação política na gestão do esporte decorrerá em mais quatro anos de marasmo. “Mogi Mirim vai seguir perdendo um dinheiro que poderia ser usado na saúde, segurança e nas outras áreas da cidade”, frisou.
Para Janini, que coordena uma academia no bairro Santa Cruz, a falta de investimento no esporte parece ter se tornado um transtorno cultural em Mogi Mirim. Ele alega ser muito difícil até o apoio da iniciativa privada com o descaso na gestão do esporte e que, se houvesse uma administração integrada nesta área, hoje, com recursos privados, a cidade poderia ter praças esportivas espetaculares.
Órfãos de uma secretaria, sem expectativas positivas e um norte, esportistas, treinadores, professores, competidores em alto rendimento ou em níveis inferiores, aguardam com atenção o desenrolar da condução da equipe de Stupp na gerência do esporte mogimiriano e garantem. “Estamos de olhos abertos em tudo o que é feito com o esporte em Mogi Mirim”, exclamou Dirceu.
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