Espanha e Itália reeditaram a última final da Eurocopa. O duelo marcou a estreia do brasileiro Diego Costa na Fúria e a do argentino Palleta na Squadra Azzurra. A Espanha ainda tem Thiago Alcantara, filho do brasileiro Mazinho e nascido na... Itália! Pablo Osvaldo, atacante da Juventus, nasceu na Argentina, mas é o centroavante italiano que concorre com Balotelli.
De volta à Espanha, há quem peça o zagueiro Miranda na Roja. O ex-são paulino tem bala para jogar no Brasil, mas com as portas fechadas por Felipão, é bem provável que o camisa 23 do Atlético de Madrid aceitasse um convite de Del Bosque. Podem me chamar de chato e usar exemplos antigos, como Di Stefáno na Argentina/Espanha e Mazzola na Itália/Brasil. Mas, o problema não está na naturalização. Está na mercantilização.
Os laços para uma convocação estão além da relação inter-nações. Zidane, por exemplo, é confundido na outra ponta da discussão. Zizou é filho de argelinos, mas não nasceu no país do norte africano e sim em Marselha, na França. Ou seja, carta livre para defender Les Bleus. Mas Deco nasceu no interior de São Paulo e virou astro da seleção portuguesa. Pepe e Liédson são outros luso-brasileiros. José Mourinho, por exemplo, manteve a linha chata que tenho sobre o tema. "A seleção é nacional, não é Portugal & Amigos", afirmou o português.
Emerson Sheik, do Corinthians, já atuou pela seleção catariana. Isso mesmo, no Qatar. Há uma leva de brasileiros, entre eles o ex- Esportiva Itapirense, Ricardinho, atuando por Guiné Equatorial. Até por aqui já pediram o argentino Conca com a camisa brasileira. Demais, não é?! Nessa, estou com o Special One. Sem xenofobia, mas se a presença em seleções fora do país de origem, ficar tão aberta, em breve teremos negociações entre CBF e AFA, por exemplo.
E nesta mercantilização do futebol, repito aqui uma teoria que há anos prometo por em prática. Apesar da falta de qualidade comprovada (mesmo com mais de 900 gols marcados na quadra da Vila Bazani, em Itapira), se a FIFA seguir liberando a presença de atletas em outras seleções, mesmo após disputar amistosos pelo país de origem, vou me mudar para o Suriname e ser o camisa 10 do país no qual nasceu Seedorf, ex-meia da seleção da Holanda e que foi campeão na Espanha, Itália e Brasil.Até que me provem o contrário, Seedorf é uma aberração em meio aos surinamitas e creio que minha experiência no futebol (jogo desde a pré-escola), poderia me ajudar a ser destaque no país do alto do Cone-sul.
JANUZAJ É EXEMPLO DO "JOGADOR MULTINACIONAL"
Apesar de ser belga de nascimento, o meia Adnan Januzaj, do Manchester United, recusou convocações de seu país natal desde as categorias de base. Cinco seleções manifestaram a intenção de tê-lo em futuras convocações: Albânia (onde os pais do meia nasceram), Kosovo (não-reconhecido pela FIFA, é o local onde Januzaj possui raízes e que pode disputar amistosos), Turquia (país de origem de seus avós), Sérvia (que não reconhece o Kosovo, o que poderia abrir uma vaga para o jogador) e Inglaterra, que inclusive gerou polêmica - Januzaj só poderia receber cidadania inglesa em 2018, fato que desagradou Jack Wilshere, do Arsenal, que se disse contrário à naturalização de atletas de outras nacionalidades para defender o English Team.