Acima de tudo, um herói. Suarez não é amado por todos. Há quem o odeia, inclusive. Jogador e pessoa controversa. De mordidas e frases polêmicas. Mas acima de tudo, de gols. Muitos gols. Foram 31 em 33 jogos pelo Liverpool na Premier League. Porém, a 30 dias do Mundial, sofreu uma lesão, passu por cirurgia e entrou em descrédito. A luta nas sessões de fisioterapia foi árdua. Está estampada em cada lágrima que El Pistolero derramou em Itaquera.
Suarez transformou o número 39 em cabalístico. Neste minuto, no primeiro e no segundo tempo, Luisito decidiu. Marcou dois belos gols. Quase marcou um olímpico, fazendo jus ao apelido da Celeste. Entre os dois golpes letais de Suarez, teve ainda um gol de outro personagem. Wayne Rooney nunca marcara em Copas. Disputou dois mundiais, sempre com muito confete e pouco carnaval. Oportunista, aproveitou cruzamento de Johnson em buraco deixado por Pereira e Godín. O gol inglês aconteceu no pior momento do Uruguai. Pereira levou joelhada na cara. Cavani perdia gol feito. Muslera salvava lá atrás. A Celeste estava acanhada.
Mas o desvio de Gerrard, parceiro de Luisito no Liverpool, deixou o uruguaio na cara de Joe Hart. Suarez foi letal. Um mês após estar em uma cadeira de rodas, Suarez repetiu Baresi em 1994. Saiu de uma cirurgia no joelho para uma atuação em alto nível numa Copa. Mais que isso, transformou a partida em São Paulo, em uma das principais do Mundial no Brasil. A Inglaterra até lutou. Teve a garra que costuma ser dos uruguaios. Porém, mais uma vez, parece fadada a pagar por ter ganho uma Copa, em casa, com a ajuda da arbitragem. O Uruguai, mesmo sem Lugano, sua alma, seu Obdúlio Varela, transferiu toda a energia para Suarez. A Celeste pode até ser eliminada. A Inglaterra, em uma milagre, pode até passar de fase. Mas os 2 a 1 registrado hoje na zona Leste em São Paulo já credencia Suarez a estar entre os três maiores de 2014 na eleição política da FIFA no começo de 2015. Suarez, mais um personagem da Copa dos personagens!