Por Lucas Valério - Milan, Orlando City e São Paulo. A trivial semana de Kaká começou com a despedida dos italianos, a chegada como herói à Flórida e vai terminar com sua apresentação no Morumbi. Após 11 anos, títulos, consagração e decepções na Europa, o meia retorna ao clube que o formou bem diferente daquele menino, franzino e promissor, que surgiu feito um raio na decisão do Rio-São Paulo de 2001.
Histórias à parte, o são paulino quer mesmo é que os seis meses deste reencontro sejam celebrados com algo que faltou na primeira passagem. Kaká, assim como o futuro-velho colega, Luís Fabiano, é visto no Morumbi como um bom jogador que passou pelo clube, mas que se tornou grande mesmo, longe da Barra Funda. A falta de taças entre 2001 e 2003 criou até o apelido de pipoqueiro. Aos dois. Parceiros na Copa de 2010, viram o São Paulo ganhar a América, o Mundo e o Brasil (3x) com defesas sólidas, bem diferente da época em que jogaram. (Alguma saudade de Amelli, Reginaldo Cachorrão ou Júlio Santos?).
Por ironia, a reunião da dupla mais uma vez será com uma defesa contestável. Antônio Carlos, Rodrigo Caio, apesar da vontade e Rafael Tolói, de volta da Roma, são os menos piores. Paulo Miranda, Édson Silva e até o hiper-valorizado Lucão não são confiáveis. nas laterais, Álvaro Pereira, mesmo longe de ser um Júnior, dá conta do recado graças à raça. Já Douglas, persona non grata nas arquibancadas do Morumbi, não passa de um jogador voluntarioso. No meio, Souza sofreu com a ausência de um parceiro para dar combate. A boa qualidade do ex-gremista foi inútil com a marcação perna curta de Maicon e só será válida se o São Paulo contratar um parceiro (Cambiasso seria a melhor opção) ou se Rodrigo Caio trouxer ao Morumbi o bom futebol apresentado no Torneio de Toulon, com a Seleção sub21.
Problemas postos, vamos dar uma olhada em algumas possibilidades que Muricy Ramalho tem para escalar o São Paulo de Kaká, Ganso, Pato, Kardec e Luís Fabiano. Um time que já nasce com a cara da Argentina-2014. Do meio para a frente, é um avião. Para trás, um teco-teco sem asa traseira (estabilizador horizontal).
4-2-2-2 - É a opção mais simplista para Muricy Ramalho. Tolói e Antônio Carlos formam a defesa, com Rodrigo Caio realocado no meio, ao lado de Souza. Os volantes fixos protegem os meias clássicos, Paulo Henrique Ganso e Kaká. Na frente, Alan Kardec, Alexandre Pato e Luís Fabiano brigarão por duas posições. Osvaldo também pode lutar por um lugar na equipe.
4-2-1-2-1 (variação do 4-3-3) - Até a dupla de volantes, nada muda. Na criação, Paulo Henrique Ganso atuaria centralizado, com Kaká aberto em uma das pontas (jogou muito pela esquerda em suas duas passagens pelo Milan) e Osvaldo, Kardec ou Pato na outra extremidade. Luís Fabiano seria a referência. Kaká poderia trocar de posição com Ganso. Se Kardec assumir a função do Fabuloso, Osvaldo e Pato brigam por uma das beiradas. Outra opção é Ganso deixar o time, Kaká armar para Osvaldo, Pato e Kardec ou Luís Fabiano.
3-1-3-1-2 - Imitação barata do Chile de Sampaoli. Tolói pela direita, Rodrigo Caio como líbero e Antônio Carlos pela esquerda formam o trio de zaga. Na proteção, Souza seria como Díaz e teria a função de liderar a marcação no meio. Douglas na direita e Pereira na esquerda, teriam a companhia de Ganso na segunda linha de três jogadores. O (1) do esqueleto é Kaká, à lá Arturo Vidal. Pato, Kardec e Osvaldo brigariam por um lugar ao lado de Luís Fabiano. Neste caso, time pode até jogar sem um jogador de referência, mas demandaria um tempo para treinamento que dificilmente Muricy Ramalho terá até o final do ano.
3-5-2 - Muricy já cogitou retomar o vitorioso esquema com três zagueiros. Com Tolói, Lucão e Antônio Carlos, o técnico teria a chance de proteger sua tão exposta defesa, já que o meio seria ocupado por Rodrigo Caio e Souza. Com Douglas e Pereira nas alas, uma das peças ofensivas iria para o banco. Ganso e Kaká brigariam pela armação. Pato, Osvaldo, Kardec e Luís Fabiano por duas vagas no ataque. Se optar por Ganso, Kaká e Fabuloso, Muricy teria que aumentar a dose de paciência com o mi-mi-mi de Kardec, Pato e Osvaldo no banco.





