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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Artilheiros vs Rebaixamento: Henrique usa sina, repele vaias e se consagra na arrancada palmeirense

O Palmeiras acaba de vencer o Botafogo. 1 a 0, no Maracanã. Goleada magra. A cicatriz ainda não está curada. Não 100%. Assim como não está a cicatriz, em sentido literal, da cirurgia de um Fernando Prass proibido de se machucar mais uma vez. O goleiro voltou e o Palmeiras agregou aos triunfos sobre Vitória e Chapecoense, em casa, um êxito essencial fora, diante do agora lanterna Fogão.Após o vexatório 6 a 0 em Goiânia, o Palmeiras só teve rival direto. Ainda perdeu para o Figueirense, em jogo em viu os três pontos escapar pelos cinco dedos.

De volta ao truco-seis do Serra Dourada, lembro que, a amigos palestrinos mais próximos, garanti que o time selou, em Goiás, a fuga definitiva do fantasma. Estes resultados costumam ser um tapa na cara do time que a sofre. Em 2013, o Palmeiras levou 6 a 2 do Mirassol e depois manteve uma série invicta. Claro que não precisa ser masoquista sempre, pelo contrário, mas o efeito, geralmente, mais colabora que prejudica.  Claro que a chaga ainda está ali. O trauma de duas quedas prejudica nesta luta contra a recaída. O Verdão tem agora duas decisões em casa contra clubes que estão em boa fase. Grêmio e Santos no Pacaembu. Um reencontro com Felipão, que deixou o Palmeiras à beira do precipício em 2012. No outro final de semana, um clássico.

HENRIQUE
Jogos que prometem ser abertos e que podem contribuir para a redução das vaias a Henrique. O atacante não é um Evair. Está mais para um Washington, ex-Fluminense e Ponte Preta. Se muitas vezes maltrata a bola fora da área, nas cercanias do metro quadrado mais valorizado do futebol Henrique é um especulador imobiliário e tanto. O vi ainda longe dos holofotes, quando defendia o Cianorte. Três jogos pelo Leão do Vale contra o Mogi Mirim. Também acompanhei de perto o período em que defendeu as cores do Sapão. Treinos e jogos. Não houve evolução desde então. Nem no Santos, nem na Portuguesa, nem no Palmeiras. Henrique é o mesmo. Dono de um posicionamento inteligente, que atrai a bola. Como ela chega demais, ele erra gols feitos, como aquele contra a Chapecoense na semana passada, quase sem goleiro. Mas faz gols como os desta quarta (8). Passe de Valdívia, matada de matador, giro de matador e finalizador de matador. Gol que faz lembrar a do imperador Adriano, em 2004, contra a Argentina.

Gol que dá a Henrique a divisão da artilharia do Brasileirão ao lado de Marcelo Moreno (outro jogador com mais garrafas de finalização do que de arte para vender). A diferença entre ambos é que Moreno tem Ricardo Goulart, Everton Ribeiro, Dagoberto, Alisson e outras qualidades ao seu redor. Tem um time arrumado, sem tensão, pronto para ser bicampeão nacional. Henrique é uma ilha rodeada por tubarões. Seu time, com poucas cartas na manga, está o campeonato todo em puro stress.

ARTILHEIROS VS REBAIXAMENTO
E o camisa 19 segue a sina de outros protaginistas de lutas ao melhor estilo Alien vs Predador. Dimba, em 2003, foi artilheiro do Brasileirão em um Goiás que passou quase todo o torneio na luta contra o rebaixamento. Josiel é um exemplo ainda mais emblemático. Um estandarte dos exércitos de um soldado só! Em 2007, o atacante marcou 20 gols, foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro, mas o Paraná terminou em penúltimo lugar e caiu para a segunda divisão. Mas não é preciso terminar no topo da artilharia para ser um matador em meio à luta contra a degola.

No ano passado, o Flamengo terminou a apenas um ponto do rebaixamento, mas o vice-artilheiro do Brasileirão foi Hernane. O Brocador marcou 17 gols, quatro a menos que Ederson, do Atlético-PR, artilheiro do campeonato. Fernandão, com 15 gols, ajudou a salvar o Bahia, que terminou a quatro pontos da degola. William e Gilberto, com 14 gols cada, não salvaram Ponte Preta e Portuguesa (rebaixada por escalar o meia Héverton de forma irregular). William Batoré, em 2011, já havia marcado 14 gols para um Avaí que não escapou da queda à Série-B. Ele fez um gol a mais que Neymar e o mesmo número de gols de um Ronaldinho Gaúcho em temporada inspirada.

Em 2012 apenas dois jogadores fizeram mais gols que Hernan Barcos (Palmeiras) e Aloísio Boi Bandido (Figueirense). Fred com 20 e Luís Fabiano com 17. Barcos e Aloísio fizeram 14 gols cada, mas não conseguiram a evitar o rebaixamento de seus clubes. Foram artilheiros que não venceram a força da guilhotina. Os mesmos 14 gols de Bruno Mineiro contribuíram para que a Portuguesa ficasse apenas um ponto acima do Z4. Interessante é que os três 'artilheiros-rebaixáveis' citados marcaram 14 gols em ataques que balançaram as redes 39 vezes. Eles fizeram mais que um terço dos gols. Foi quase um exército de apenas um soldado.

METADE DOS GOLS É DELE
Neste sentido, Henrique é ainda mais essencial ao Palmeiras. Marcou 13 dos 26 gols. Metade dos tentos é do camisa 19. Uma dependência tão alta que os vice-artilheiros do Verdão são Cristaldo, Lúcio e Wesley. Cada um marcou duas vezes. Henrique fez seis vezes mais gols que seus concorrentes internos. Repito. Henrique pode não ser igual e jamais terá a classe de um Evair (qual centroavante brasileiro hoje tem tal classe?!). Mas em uma estrada tão recheada de buracos, o atacante tem dado de canela nas vaias e se consagrado nesta obrigatória e heróica arrancada do centenário Palestra.

Foto: Marcos de Paula/Estadão
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