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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Boca 0 x 0 River: Muita guerra e pouca bola na ida da 'supersemifinal'

Pelo pouco que li no Twitter, Grêmio 1 x 2 Cruzeiro foi um grande jogo. Tricolor superior no primeiro tempo. Raposa, com o dedo do ótimo Marcelo Oliveira, fatal no segundo. Um mata-mata em meio aos pontos corridos. O jogo que dá ao Cruzeiro a chance de ser campeão com uma vitória em três jogos. Talvez no domingo, contra o desinteressado Goiás, no Mineirão. O Grêmio, fora da zona da Libertadores, vê sua briga se tornar ainda mais ingrata. (Tal qual a do Palmeiras, que está apenas um ponto a frente da zona de rebaixamento com o insano 4 a 1 da Chapecoense, sobre o Flu, no Maraca).

Todo o espetáculo do fechamento da 35ª rodada do Brasileiro destoou do que foi o encontro entre Boca Juniors e River Plate em La Bombonera pela ida da semifinal da Copa Sul-Americana. Se alguém também dispensou a noite de quinta-feira para assistir o Superclássico e ficou decepcionado com a escassez de técnica não sabe de nada. É inocente.

Não há mais Riquelme, Salas, Tevez, Higuaín, Schelottos ou Falcao Garcia. As duas equipes entraram em campo com peças voluntariosas. Sem craques. O Boca foi a campo com Orion; Marín, Forlín, Díaz e Colazo; Gago, Erbes, Meli; Martínez, Calleri e Chávez. Já o River foi escalado com Barovero, Vangioni, Maidana, Funes Morí, Mercado, Ponzio, Rojas, Sánchez, Posculichi, Teo Gutierrez e Simeone.

Assistir Boca x River é como sentar no Muro da Vergonha e observar palestinos e israelenses em uma intifada. Nesta briga pela ocupação territorial do vizinho, boquenses e millionários não foram felizes. Foram 20 faltas em 45 minutos. Apenas o River fez 13, sendo quatro do volante Ponzio, um dos amarelados da semifinal. O lance culminou em discussão generalizada. Sem agressões e pouca energia do jovem árbitro Sílvio Trucco, meio deslocado em seu primeiro Superclássico. Vangioni, por falta que posteriormente tiraria Martinez do jogo, foi o outro advertido. As 20 faltas também foi um número altíssimo para uma arbitragem pouco habituada a marcar faltas. Para você ter uma noção, Liverpool 0 x 3 Real Madrid, pela Liga dos Campeões, teve 10 faltas no jogo todo! O excesso de infrações não foi motivado apelas pela rivalidade.

Boca e River entraram em campo com disposições táticas semelhantes. Arruabarrena e Gallardo escalaram as equipes no 4-4-2. Apesar das variações, a todo instante ocorria um embate frontal por espaço e o choque se tornava inevitável. As equipes também não se esforçavam para sair deste tabuleiro. No River, Sanchez, que atuou dois dias antes em amistoso do Uruguai, era a figura mais onipresente. Todas as bolas passavam pelo volante que mais sai para o jogo nos Millionários. Teo Gutierrez abriu pelas pontas, mas foi pouco efetivo e Giovani Simeone, filho do técnico do Atlético de Madrid, foi figura nula. A ineficência ofensiva do River resultou em uma marca nula de chutes contra quatro do Boca. Na mais perigosa, Chávez exigiu boa defesa de Barovero, aos 39 minutos.

AINDA NO PRIMEIRO TEMPO

# As duas equipes erraram muitos passes. A falta de uma figura cerebral é nítida nas duas escalações.
# As duas defesas são pesadas. Diaz e Maidana, principalmente. Até Osvaldo pode se criar por ali...
# Na hora do contra-ataque, o River sempre tem um jogador aberto nas pontas.
# Martinez, ponta direita, saiu machucado para a entrada do meia Fuenzalida. Aumentou a cadência. Reduziu a insinuação.

A etapa final recomeçou com menos erros de passes, mais jogadas agudas e o mesmo vício em faltas. Foram cinco cartões amarelos em 16 minutos. Duas confusões. Muita reclamação e catimba. Com a bola nos pés, o Boca mandou nos primeiros 10 minutos. Antes do primeiro giro do ponteiro, Gago cobrou falta e Barovero quase trabalhou de entregador. Cinco minutos depois, Gago serviu Chávez, que chutou forte, Barovero deu rebote e Gago quase aproveitou. Se a estrela xeneize acordou, Sanchez seguia como a melhor opção millionária. Aos 11 minutos, após rondar a intermediária boquense por alguns minutos, Sanchez cruzou da direita, Teo tocou de letra e quase abriu o placar.

Entre esta jogada e apito final, houve um hiato de futebol. Uma eternidade que durou pouco mais de 35 minutos. O clima de guerra se manteve, com novas confusões, mais faltas (o River fechou o jogo com sete amarelos) e pouca bola no rolando. Ninguém chamava a responsabilidade e os único lances perigosos não assustaram nem uma criança. O River, aos 42, chutou três vezes, a última com Sanchez, e a bola explodiu em uma muralha Azul y Oro. Já o Boca, aos 46, quase abriu o placar com Gago, de cabeça, mas Barovero segurou firme. Aos 48, em mais uma das 4.595 faltas (28 na verdade) do River, Colasso cobrou muito mal uma falta em ótima condição e a primeira batalha, em La Bombonera, terminou com pressão sobre o árbitro Trucco e a esperança de que no Monumental haja muito mais futebol e bem menos guerra.

CURIOSIDADES
# Boca e River só se enfrentaram duas vezes em competições continentais, sempre em anos com "final 4". Em 1994, pela Supercopa e em 2004, pela Libertadores, o Boca avançou nos pênaltis.
# Há 10 anos, a vitória boquense garantiu a vaga na final contra o Once Caldas, que vencera o São Paulo na semifinal. Neste ano, o São Paulo duela com outro colombiano. O Atlético Nacional...
# Giovani Simeone fez um péssimo jogo na casa rival. Porém, seus únicos dois gols em 2014 foi pela Sul-Americana.

# Lucas Boye, joia da base do River, é torcedor do Boca Juniors. O caso ganhou dimensão nas vésperas do clássico na mídia argentina. Clique aqui e veja mais.

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