No tradicional estádio Osvaldo Teixeira Duarte, o treinador de 48 anos comandou pela última vez um clube da elite paulista. No dia 26 de fevereiro deste ano, ele treinava o Mogi Mirim na derrota de 2 a 0 para a Portuguesa. A série de resultados negativos culminou em demissão. No restante da temporada, Aílton trabalhou apenas por alguns meses na Ferroviária, onde não obteve sucesso na Copa Paulista.
Porém, em 2015, Aílton se reencontrará com o Canindé, mas desta vez como pelo futebol da Portuguesa. Na quarta-feira (17), o novo técnico foi apresentado na Lusa com a missão de reerguer um dos mantos mais tradicionais do Brasil. Rebaixada para a Série C, a Portuguesa vive seu pior momento na história. Uma oportunidade para Aílton reinscrever seu nome no hall de treinadores da elite paulista e, ao mesmo tempo, devolver a Portuguesa ao seu lugar.
Confira abaixo os principais trechos do bate-papo com Aílton Silva, o novo técnico da Portuguesa.
BLOG – Como foi a negociação com a Portuguesa
AÍLTON - Há cerca de 10 dias os dirigentes da Portuguesa entraram em contato comigo, manifestaram o interesse e apesar de o anúncio oficial ter sido feito apenas hoje (quarta), na segunda-feira (15) o martelo foi batido. Aceitei a chance de voltar à Lusa, onde já trabalhei em 2010 (foi técnico do sub17). O clube passa por reformulação, teve um ano ruim com problema no tribunal e outro em campo, mas temos tudo para reerguer e estou pronto para este desafio.
BLOG – O que mudou da sua primeira passagem pelo clube?
AÍLTON – Não tive muito tempo para sentir isso. Sei que o centro de treinamento evoluiu muito de 2010 para cá, tem uma infraestrutura ótima para a pré-temporada, campo muito bom, piscina para recuperação dos atletas. Enfim, tudo para fazer um bom trabalho. Em relação ao clube, houve duas trocas de diretoria e apenas com uma frequência maior, uma presença maior, vou sentir o que mudou de fato. Pelo lado do clube, tem jogadores da minha outra passagem que estão por aqui, alguns que trabalharam comigo na base. Posso citar como exemplo o Marcelinho, Gabriel Xavier, Jean Mota, Júnior, Luan Peres, Rafael, um volante de muito talento. Tem o Luan, atacante, que não era da minha geração, era mais novo, mas é muito bom também. Enfim, tem uma safra com qualidade que hoje está no profissional e isso é até um motivo de orgulho, um sinal de que o trabalho foi bem feito.
NR: Em 2010, Aílton já atuava como treinador profissional, porém, aceitou a oferta para comandar o sub17 da Lusa. No campeonato paulista da categoria, a equipe chegou a vencer o Corinthians por 3 a 0 e eliminar o Palmeiras, nas quartas de final. Na semi, após uma derrota e um empate, foi eliminada pelo São Paulo.
BLOG – Como será o desafio de comandar a Portuguesa em meio à crise dos últimos anos?
AÍLTON – A Portuguesa tem muita tradição, tem uma torcida exigente, de uma capital como São Paulo, tem histórico e está entre os cinco grandes de São Paulo. É um time grande que vive um momento difícil e precisamos reerguer o clube, que há pouco tempo atrás viveu um momento de glória, como com a Barcelusa que era comanda pelo Jorginho. Nesse momento, o maior desafio é a reformulação do elenco. Tirando os garotos, não temos nenhum jogador, não contratamos ninguém e sabemos que estamos atrasados. Já estamos com alguns nomes para contratação e quem sabe, com uma parceria, conseguimos buscar nomes mais qualificados. Montar uma nova equipe em 20 dias, dar uma cara, um padrão. Esse é o grande desafio. Sabemos que o Paulistão é um campeonato curto, de 15 jogos. Passei por uma situação parecida, de grande reformulação, duas vezes no Mogi Mirim. Logo após o Paulistão de 2013, quando cheguei e tivemos que montar um novo plantel para a Série C e após a Série C, quando montamos um novo time para o Paulistão deste ano. Neste caso, ainda temos o fato de poder inscrever apenas 28 jogadores e por isso teremos cuidado para escolher muito bem quais serão os reforços. Temos que minimizar a margem de erro!
BLOG – A Portuguesa entra para lutar contra o rebaixamento no Paulista?
AÍLTON – Jamais vamos entrar em um campeonato pensando apenas em não cair, ainda mais em um clube do tamanho da Portuguesa. A Lusa vai entrar para brigar pela classificação por mais que saibamos que é difícil, que a montagem não será fácil, que tem a questão financeira. Óbvio que tem que ter os pés no chão e se não der para se classificar, a permanência na Série A1 será importante, pois a Portuguesa vem de anos turbulentos, 50 jogadores saíram e o futebol leva um tempo para encaixar uma equipe, foi assim no Mogi Mirim, por exemplo.
BLOG – Mas e na Série C, a Portuguesa tem a obrigação do acesso?
AÍLTON – É normal esta obrigação para um time com esta camisa. Eu tenho um passado na Série C, sei que é muito difícil e passei para o presidente (Ilídio Lico) as dificuldades que é disputá-la. Olha e este ano, vai estar mais difícil ainda, pelos times que caíram (Vila Nova, Icasa e América-RN), pelos que subiram (Tombense, Brasil de Pelotas, Londrina e Confiança) e pelos clubes que já estão lá, como Guarani, Fortaleza. Claro que a chance da Portuguesa subir existe, é grande e o torcedor não quer nem pensar em ficar mais de um ano na Série C. Por isso, temos que acertar no planejamento desde já, consertar o que tiver que consertar dentro de campo e iniciar este trabalho que será longo, mas, espero eu, termine com a Portuguesa em seu lugar, na primeira divisão do Brasil.
MOGI - Ao final da conversa, Aílton pediu para repassar aos torcedores do Mogi Mirim, à diretoria e à comissão técnica, seus parabéns pelo acesso à Série B. “Gostaria de dizer ao Rivaldo, ao Claudinho Batista, que não conheço pessoalmente, mas que fez um grande trabalho e a todo o pessoal, que fiquei muito feliz com o acesso do Mogi. Torci muito por isso, gostei de trabalhar no clube, adorei a cidade e torcerei sempre pelo bem do Mogi, a não ser, é claro, quando enfrentar a Portuguesa”.
O reencontro de Aílton Silva com o Mogi Mirim está pré-agendado para o dia 22 de março, quando a Lusa visita o Sapão no estádio Romildo Ferreira. Assim como em 2014, a partida será válida pela 11ª rodada do Paulistão. Coisas deste ciclo vicioso que é o planeta futebol...
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