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1º - AS PRÉVIAS
Durante a semana, as prévias indicavam que Carlo Ancelotti pensava em escalar o 'menos ofensivo' Fabio Coentrao no lugar do 'menos marcador' Marcelo. O italiano, que voltou à uma Turim em que foi vaiado em sua passagem como treinador bianconero, manteve o brasileiro. Se porpôs a uma postura mais defesniva apenas ao abrir mão dos três atacantes. Sem Benzema, que nem saiu da Espanha, recolocou Chicharito no banco, plantou três volantes (Sergio Ramos, Isco e Kroos) e avançou James Rodrigues para apoiar Cristiano Ronaldo e Gareth Bale. Massimiliano Allegri, costumeiramente convencional, mais uma vez escalou a Juventus sem três zagueiros. Bonucci e Chiellini foram os zagueiros escolhidos, opção que aumenta as obrigações defensivas de Pirlo.
2º - AS PRÉVIAS E O 1º GOL
O 'marcador' Pirlo errou passe que originou falta perigosa para o Real. Mas os primeiros sinais de troca da teoria para a prática foram da Vecchia Signora. Nos primeiros minutos, a postura ofensiva culminou em boas chances. A defesa madridista concedia espaço e cometeu o pior pecado aos oito minutos. Tevez surgiu em um vácuo enorme entre Varane e Marcelo. O argentino chutou, Casillas espalmou para o lado, mas lá estava Morata, com Pepe com as mãos levantadas (para pedir impedimento) e as pernas travadas (para cortar). O ex-jogador das canteras do Real marcou. Naquela velha história de ex-jogadores que marcam no ex-time, o Real deve lamentar ainda mais não ter conseguido colocar no contrato o impedimento da presença de Morata diante dele (e nem de Morata ser negociado pela Juve com o Barcelona). De volta às prévias, o gol surgiu ali, entre Varane e... o 'menos marcador' Marcelo.
3º AS PRÉVIAS E O 2º GOL
O Real Madrid não criava. O excesso de volantes talvez fosse um dos motivos. Uma Juve empolgada também. Mas a Juve optou por dois zagueiros e a consistência conhecida foi exposta na primeira investida merengue. Aos 26, James decidiu entrar na área e cumprir a função de encostar nos atacantes e cruzou para Cristiano Ronaldo, de cabeça, fazer seu nono gol na atual edição da Champions League. O português estava sozinho e o marcador mais próximo dele, que não deu combate e o deixou livre foi... o 'não muito marcador Pirlo'.
4º - 20 MINUTOS DE ENGANO OU REALIDADE?
O gol do Real Madrid mudou o jogo. Ou mostrou a factual diferença entre as equipes. Entre os 26 e os 46 minutos, o domínio madridista apresentou a formação que mais sabe tratar a bola. A mais aguda também. O problema do Real é que a superioridade só aconteceu neste período, quando a bola cruzou a área de Buffon sem assustar. Mas foi um momento diferente dos minutos anteriores. Fora uma jogada insossa de James, o Madrid não assustava. A Juventus, antes do gol merengue e após o intervalo, controlou a partida. Então, o que foram estes 20 minutos? Uma enganação. Um um esboço da realidade?

5º - CRISTIANO RONALDO HOJE É MAIS RONALDO-2006 QUE RONALDO-1997
Como são xarás, Cristiano e Fenômeno são sempre alvos de comparações. Para ajudar, ambos têm o Real em seu currículo e são, indiscutivelmente, grandes da história. Justificativa impetrada, quero falar do atual Cristiano Ronaldo. Aquele velocista, driblador invocado e aberto na ponta está cada vez mais dando lugar a um camisa 9. Diferente de Ronaldo, que mudou as características principalmente pela condição física (engordou), Cristiano encontrou naquele pequeno latifúndio um bom lugar para plantar. E colhe gols demais assim, como centroavante. Durante a transmissão da ESPN, Everaldo Marques trouxe um dado interessante. Dos últimos 21 gols do português em todas as competições, 12 foram de cabeça. Fora outros no estilo matador. É claro que, quando quer engatar a quinta marcha, poucos o pegam. Mas é notório, e o jogo em Turim foi mais uma prova, que CR7 está adaptado a esta nova fase.
6º - O PESO DOS VOLANTES MODERNOS
As escalações de Ancelotti e Allegri proporcionaram espaços às duas equipes. Que foram poucos explorados. Culpa de meio-campos burocráticos. Vidal tentou se movimentar no lado italiano. James até entrou na área, como no gol de Cristiano. Mas faltou os volantes modernos. Luca Modric é uma baixa mais sensível para o Real do que Bale. Muito mais do que Benzema. Ele é o motor, o cara que liga o meio com o superataque. Na Juve, Pogba é um desfalque ainda maior. Se tivesse o francês, a Vecchia Signora teria um cara para infiltrar na defesa merengue. Sturaru e Pirlo se preocuparam muito mais com a marcação e aumentaram ainda mais o peso da ausência de Paul.

7º - TEVEZ É O MELHOR DO MUNDO
Neymar é um extra-classe. Vive grande fase, não é sombra de Messi e já soma 21 gols na Liga Espanhola. Mas hoje é o argentino da Juventus quem deve receber o título de Melhor Jogador do Mundo. É claro que nesta corrida, os extra-terrestres Messi e Cristiano não entram. Entre os mortais, Tevez é quem vive a fase mais exuberante. Além de goleador, é o cara que carrega a Juventus. Sem Pogba (que dividia o estrelismo), o ex-jogador do Boca Juniors assumiu a batuta e rege a sinfonia bianconera com eficiência e regularidade. Contra o Real, além de chutar a bola que sobraria para Morata abrir o placar, também partiu sozinho, em alta velocidade, contra toda a defesa merengue e já exausto, sem desistir da chance, foi derrubado por Carvajal. Pênalti sofrido. Pênalti convertido! Tevez foi o 'man of the match' e caminha para ser um dos homens da temporada.

8º - A ATMOSFERA NA ARQUIBANCADA. ATMOSFERA NO GRAMADO
Não decidiu o jogo. Isto foi com Tevez. Mas a torcida da Juve teve sua participação. Com 41.011 torcedores, o estádio mostrou mais uma vez que alçou a Juve a um novo patamar. O Delle Alpi não tinha uma acústica privilegiada. E poucas vezes estava lotado. Assim, a Vecchia Signora, que sempre ganhou com as peças e a camisa, agora tem o reforço da arquibancada. Já no campo, a atmosfera não foi pulsante como entre os 'tifosis'. Não houve guerra, nem aquele jeitão de jogo com expulsão. Mas sete cartões amarelos mostra que a era semifinal. O clima tenso entre os jogadores provou mais uma vez que não importa a conta bancária ou o currículo. Sempre há aquela tremida em uma fase tão aguda.
9º - DECEPÇÃO TÉCNICA, SATISFAÇÃO TÁTICA
Confesso que esperava mais bola na Juventus Arena. A atual tetracampeã italiana não é da escola tradicional de seu país. Sabe jogar para frente e tem peças para isso. O Real Madrid, atual campeão da Liga dos Campeões, é uma máquina de gols. De jogadas. Não produziu muito. Não produziram. Culpa e mérito da tática. Se aconteceram três gols, foram por raras falhas nesta tática. A grande quantidade de marcadores no meio-campo surrou a bola e no xadrez confeccionado por Ancelotti e Allegri, quem aproveitou mais os poucos erros alheios venceu. A peleia foi tão legal que, no segundo tempo, quando Ancelotti resolveu reativar seu 4-2-1-3 com Chicharito na vaga de Isco, Allegri retomou o 3-4-1-2 com Barzagli na vaga de Stutaro. E até a entrada do grandalhão Llorente na vaga de Morata (um centroavante por outro) teve estratégia dupla, já que o basco virou arma na bola área ofensiva e defensiva. E na última chance do jogo, o ex-Athletic Bilbao testou após falta batida por Pirlo e parou em Casillas.
10º - FALTAM DOIS QUARTOS NESTE PLAY-OFF
A matemática para a volta, em Madrid, é simples. Vitória, empate ou derrota por 3 a 2, 4 a 3 e por aí vai, dá Juve. Vitória por 1 a 0 dá Real ou por dois ou mais gols de diferença. Vitória por 2 a 1 do Real dá pênaltis. A ciência inexata é imaginar como será o jogo. Pogba volta? Benzema volta? Modric fará falta! Enquanto o Real deve jogar como sempre faz no Bernabéu (dominante), a Juve tem a chance de mostrar uma faceta de contra-ataque. Os comandados de Allegri mudarão só um pouco o estilo e por isso não devem sofrer. À Juve, vale a pegada de querer algo que não tem desde 2003 (uma final) para ficar mais perto de 'outro algo' que não tem desde 1996 (o título da Liga). O Real, atual campeão, precisa é mostrar que o tesão segue no alto. A certeza? Será um jogaço. O palpite? A Juve eliminará o Real como fez em 2003, na semi em que Ronaldo, Zidane e Roberto Carlos caíram com o 3 a 0 comandado por Nedved. Puro palpite...

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