
A década e meia de viagem pelos tortuosos mais de 330km que separam Mogi da cidade mais católica do país começou em 1998. Um ano após fazer o percurso de bicicleta, o autônomo José Francisco Roman, o Chico, convidou dois amigos para realizar o trajeto de moto. Luiz Carlos Polydoro, Eduardo Mantovani, Valmir Vicente e Daniel Mestrinier foram os precursores do passeio. Neste ano, serão onze máquinas na estrada.
De 1998 para cá o período com maior aprovação pelos participantes é justamente os primeiros meses do ano. A chuva cessa a poeira que prejudica a viagem agrupada entre as motos. Porém, houve anos de trilha em meses como julho e setembro. No período em que for a rotina é semelhante. Saída pela madrugada de um sábado, mais de dez horas de estrada com raras paradas. Apenas o almoço abrevia o caminho sobre as motos, mas não passa de meia hora. A meta neste ano é chegar antes das 18h00 e escolher uma boa pousada. Depois, os devotos de Nossa Senhora Aparecida acompanham a missa e no domingo mesmo já partem no sentido inverso, no rumo de casa.
TRAJETO
A saída de Mogi Mirim acontece pela estrada da Cachoeira. De lá seguem para Itapira, passam pelo Distrito de Barão Ataliba Nogueira com destino a Monte Sião, na primeira passagem por Minais Gerais. Depois Socorro-SP, Munhoz-MG, Itupeva-SP, Monte Verde-MG, Sapucaí Mirim-MG, Campos do Jordão-SP, Guaratinguetá-SP, Potim-SP e finalmente Aparecida-SP. O mecânico Luiz Carlos Polydoro, um dos raros participantes presente nos 15 anos, conta que um dos trechos que imprime mais dificuldades é entre Campos e Guaratinguetá. O trecho ganhou o nome de “estrada das pedrinhas”, já que a erosão recheou o terreno com pedras que costumam ser traiçoeiras. Já na Serra da Mantiqueira a dificuldade está no clima.
A instabilidade da área tomada pela floresta faz com que os aventureiros saiam de altas temperaturas e encontrem no local chuva e clima frio. “Se pegar chuva na serra esfria demais e isso dificulta não apenas para condução da moto, mas também para suportar a mudança no clima”, explica Polydoro. Em contraponto com as dificuldades, há belezas naturais que não seriam registradas por quem se dirige a Aparecida via asfalto. “Monte Verde mesmo é linda. Há paisagens que somos obrigados a passar devagar apenas para registrar”, conta Polydoro.
PREPARAÇÃO
Altos e baixos do trajeto à parte, Polydoro explica que para enfrentar a empreitada que faz anualmente são necessários alguns pré-requisitos. O mais valioso é ter conhecimento do esporte. Praticar off-road sugere perícia em terrenos com condições adversas e muitas vezes com surpresas. “Não basta saber pilotar uma moto, tem que estar acostumado com trilha”. Por isso os onze participantes do passeio costumam se unir aos finais de semana para passeios mais próximos, em áreas semelhantes ou até piores que a encontrada no caminho à Aparecida.
Quanto às motos também é preciso especificar. As máquinas colocadas na estrada são preparadas para a modalidade. Entre as favoritas estão a YZF 250, da Yamaha e a CRF 230, da Honda. “Meso assim preparamos elas retirando tudo o que causa peso desnecessário, como alguns itens da parte elétrica”, descreve Polydoro. O mecânico ressalta ainda que equipamentos de segurança são levados de forma obrigatória. Outro item importante para fazer parte da aventura é o condicionamento físico. As mais de vinte horas de viagem somadas nos dois dias causam desgaste e é providencial a prática de exercícios regulares antes do passeio.
Com o mapa na cabeça dos guias do grupo, uma câmera fotográfica para registrar o caminho, equipamentos adequados e preparação física em dia, agora é encarar a décima quinta aventura, já com a cabeça na próxima edição. “Acima de tudo fazemos algo que adoramos e isso facilita. Mesmo antes de sair já estou pensando no ano que vem”, finaliza Polydoro. Além dele os outros onze participantes do passeio serão: Marcos Roberto Pereira, Valmir Vicente, José Francisco Roman, Claudemir Mendonça, Luciano Bordingnon, Valter Franco de Oliveira, Bruno Farias, Renato Augusto Tarossi, Diego dos Santos Rodrigues, Vágner Luís Magioli e Ademílson José Baço.
Lucas Valério
Para o Jornal O Impacto