Na terceira e última parte da entrevista exclusiva de Rivaldo ao jornal O Impacto, o pentacampeão do Mundo analisou a situação atual da Seleção Brasileira. Para o jogador do São Caetano, Luís Felipe Scolari terá muito trabalho para conduzir o país ao título em 2014. Ele também reiterou que Neymar, principal estrela da Seleção, deveria estar na Europa para ser mais respeitado pelos adversários na Copa do Mundo.
SELEÇÃO BRASILEIRA
“Eu acredito que o Brasil pode melhorar bastante. Temos o exemplo de 2002, quando antes da Copa do Mundo ninguém colocava o Brasil como favorito, igual ocorre agora. Hoje não é favorito a ser campeão pelo o que está apresentando, por não ter uma seleção taticamente montada. O Felipão terá um ano inteiro para pensar em um time titular, passar pelos problemas das convocações, de ter jogador em bom momento. Hoje não tem seis, sete jogadores, uma base como titular e isso dificulta para o treinador. Acho até que a favorita é a Espanha, tem um time que joga junto há mais tempo. A Espanha joga muito parecido com o Barcelona, que é base do time, e quando entra alguém, já sabe mais ou menos o que fazer. Brasil é Brasil, e quando chega a Copa, cresce”.
PRESSÃO EM NEYMAR
“A diferença para 2002 é que tínhamos muitos jogadores no auge da carreira. Eu, o Ronaldo, mesmo machucado, o Ronaldinho Gaúcho, Lúcio, Cafu, Roberto Carlos. Jogadores que estavam em Real Madrid, Roma, ou seja, eram respeitados pelos adversários de fora. Hoje aqui acho só se fala de Neymar e colocam a responsabilidade em um só jogador. Ele é um jogador que se fala muito aqui no Brasil, mas não tem respeito mundialmente. O Neymar é um menino de 20 anos e ele até assume a responsabilidade em entrevistas, mas não é assim. Quando eu estava no São Paulo, eu disse que ele e o Lucas deviam ir para a Europa, por isso fui criticado. O Lucas está na França e sofrendo com a adaptação. Pega o que ele já jogou no PSG e o que ele teria jogado no São Paulo. O Neymar é respeitado pelos jogadores daqui. Os caras pensam duas, três vezes antes de marcá-lo com medo de levar uma caneta, um chapéu e virar piada na tevê no outro dia. Na Europa o pessoal respeita o Messi, o Cristiano Ronaldo. Eu mesmo quando estava lá e fui jogar com o Real Madrid, pensava duas vezes antes de marcar o Zidane. Eu dizia ‘vai tu Puyol’... tô fora (risos). E a mesma coisa eu sentia quando ele vinha me marcar, havia respeito. Agora o Neymar vai jogar lá e tem que agüentar um cara da Inglaterra dizendo que não conhece ele, ninguém respeita ele lá fora. Se o Neymar fizer lá metade do que fez aqui, vai brigar para ficar entre os três melhores do mundo. Pode ter certeza, porque potencial para ser o melhor ele tem, mas terá de estar lá fora”.