Ontem, mais uma vez a história bateu na porta. Infelizmente, para a Esportiva Itapirense, de forma negativa. A Vermelhinha foi até o estádio Bruno José Daniel, no ABC Paulista, com a missão de encerrar uma sequência de três derrotas. A má fase empurrou o Coelho para perto da zona da degola, derrubou Ruy Scarpino e efetivou a volta de Paulinho Ceará. O técnico não pode contar com Finazzi (internado com problemas estomacais) e Valdeir (lesão muscular).
No primeiro tempo, a Esportiva jogou bem. Apesar de levar uma compreensível pressão do Ramalhão, aproveitou alguns contra ataques e aos 20 minutos quase abriu o placar com o inconstante Ibson. O Santo André dava muito trabalho com Renato Peixe, Ramalho e um endiabrado Chico (muito bom jogador). Após Adinam somar mais ótimas defesas ao seu currículo, a defesa itapirense foi vazada no começo da etapa final. Nunes aproveitou jogada de Chico e, livre, fez 1 a 0.
A Esportiva pouco fez após o gol sofrido. Ou melhor, pouco produziu. Porque dali em diante os jogadores do Coelho foram os protagonistas da tarde. Aos 13 minutos Ibson foi expulso. Da alta cabine do Brunão, parecia uma exclusão injusta. Porém, em súmula, o árbitro Marcos Alves da Silva registrou que, após Ibson bater a bola no chão, o xingou. "Não marca nada pra nós porra, vai tomar no cú". No 11 x 10, a Vermelhinha se segurou. Em umas das boas chances do Ramalhão, Adinam fez milagre em chute de Chico, Vinicios salvou o arremate de Ramalho e, no rebote, Nunes, sem goleiro, mandou para fora.
Apesar da inferioridade numérica e técnica, a Itapirense lutava. Até que, aos 29 minutos, Maurício foi expulso. A alegação da arbitragem é de que o lateral, após infração contra a Vermelhinha, gesticulou e gritou: "Quer fuder agente mesmo, vai tomar no seu cú". Novo palavrão, nova expulsão. Um minuto depois, Roberto Jacaré, que já tinha cartão amarelo, fez falta por trás em Marcinho Guerreiro e recebeu a segunda advertência. Expulso, o artilheiro do Coelho ainda bateu palmas e disse ao árbitro: "Agora você conseguiu o que você queria, não precisava fazer isso conosco".
As expulsões e as justificativas podem render sanções pesadas aos atletas nesta reta final. Eles são estão fora do duelo com a Ferroviária na próxima quarta e, em julgamento no TJD, provavelmente na segunda-feira, 31 de março, a ausência pode ficar ainda maior. Ainda teve a expulsão de Juary, auxiliar técnico, por ironizar as expulsões. Enfim, com três a menos em campo, restava à Itapirense duas alternativas. Encarar uma batalha como a do Grêmio, nos Aflitos, em 2005, ou então algo menos ético. O cai-cai.
Quatro minutos após a SEI ficar com oito jogadores, Diego Moraes foi ao chão, machucado. O camisa 16 afirmou ter sentido uma lesão muscular que o impediria de seguir. O problema é o que está na súmula. Segundo o quarto árbitro, Daniel Carlos Luciano Fernandes, o técnico Paulinho Ceará teria dito ao jogador: "Põe a mão na coxa e cai". Em meio à confusão, a súmula consta que Ceará disse. "Ele não tem mais condições, como quer que eu jogue com 6 jogadores, acabou o jogo".
Confuso, o árbitro encerrou a partida. Jogadores das duas equipes se cumprimentavam amistosamente. A torcida andreense gritava: "timinho, timinho" e se dirigia até a saída do estádio quando a assistente Tatiane Sacilotti Camargo chamou a atenção do juiz. Com sete na linha e um no gol, o jogo poderia seguir. Confesso que esta é uma das regras que mais me confundem. E pelo jeito, não estou sozinho nessa, não é, juizão?! O jogo foi reiniciado após nove minutos de paralisação. Dois minutos depois, Diego Barbosa bateu falta para a Esportiva e quase empatou. Seria incrível e surpreendente.
O que não surpreendeu foram as novas lesões. Primeiro Daniel Cruz, que logo, se recuperou. Depois, Jefferson e Diego Barbosa caíram. Jefferson se recompôs. Barbosa, já fora do gramado, disse que já vinha de lesão e que o músculo da coxa abriu. Após um minuto de conversa com os auxiliares (talvez para ter certeza de que, agora sim, ele deveria encerrar o jogo), Marcos Alves apitou, aos 41 minutos do segundo tempo, o final da partida. Com o 1 a 0, a Vermelhinha caiu para a 17ª posição e vai encerrar a 15ª rodada na zona de descenso à Série A3. O problema é que, muito provavelmente, o jogo irá continuar no TJD (Tribunal de Justiça Desportiva).
Resta saber se haverá denúncia formal contra a Esportiva no tribunal. Caso sim, há a possibilidade do clube ser enquadrado pela Procuradoria no artigo 205 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva). Segundo tal artigo, a insuficiência númerica intencional de atletas pode resultar em multa de R$ 100 à R$ 100 mil, na perda dos pontos em disputa e até na exclusão da competição. Confira aqui o CBJD.
Veja, abaixo, o relato em súmula da arbitragem:
Aos 79 minutos de partida, observei o jogador de número 16 da equipe S.E.Itapirense, Sr. Diego Morais Souza caido no gramado próximo ao seu banco de reservas. Abordei o jogador que solicitou o atendimento médico e solicitei a maca para sua retirada de campo. Em seguida, fui chamado pelo Árbitro Reserva, Sr. Daniel Carlos Luciano Fernandes que me informou ter ouvido o técnico da S.E.Itapirense dizer ao referido
jogador as seguintes palavras: "Põe a mão na coxa e cai". Após a saída do referido jogador de campo, solicitei ao médico da equipe E.C. Santo André, Sr. Wayner de Leonardi, CRM 26685 (atendendo as duas equipes por acordo médico firmado anteriormente), que examinasse o jogador supra. O mesmo recusou-se a ser atendido dizendo as seguintes palavras: "Fisgou o meu posterior da coxa, não tenho mais condições de voltar ao jogo". Após alguns instantes, o técnico da equipe S.E.Itapirense, Sr. Paulo da Silva, RG 99135061 gritou e gesticulou dizendo as seguintes palavras: "Ele não tem mais condições, como quer que eu jogue com 6 jogadores, acabou o jogo". Após 9 minutos de paralisação, e após toda discussão, me equivoquei na contagem dos jogadores aptos da equipe S.E.Itapirense (que eram 6 jogadores de linha e mais o goleiro totalizando 07 jogadores) e apitei o encerramento da partida. Imediatamente após o meu apito, o Árbitro Assistente número 2, Sr. Ricardo Pavanelli Lanutto cruzou o campo e me questionou o motivo do encerramento do jogo. Em conversa rápida do quarteto de arbitragem, observamos a falha e imediatamente solicitei o retorno das equipes que estavam nas proximidades dos bancos de reservas. Em seguida a partida foi reiniciada com um tiro de meta e transcorreu por mais 6 minutos quando outros 2 jogadores da equipe S.E Itapirense (números 11 e 15) cairam no gramado. Solicitei o atendimento médico primeiramente ao jogador de número 11, Sr. Jefferson Soares Macambira, dentro de campo, o mesmo se reestabeleceu e retornaria à partida. Em seguida, solicitei o atendimento do jogador de número 15, Sr. Diego Barbosa Vicente, já fora do campo de jogo e o mesmo alegou que não voltaria a campo dizendo as seguintes palavras: "Eu já venho machucado, abri a coxa e não tenho mais condições de jogar". Após esta informação, passsados mais 4 minutos de paralisação, encerrei a partida por número insuficiente de jogadores.