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quinta-feira, 10 de julho de 2014

A culpa é das estrelas

Nem Neymar, nem Felipão, nem se o Wellington Nem estivesse lá. Após o 7 a 1 pró-Alemanha ter sido cravado na história do "país do futebol", iniciamos nossa tradicional caça às bruxas. Não creio nelas, mas que elas existem, existem e atendem por nomes que não estão na lista dos 23 de Scolari. Deveriam estar na lista da Polícia Federal.

A culpa é das estrelas que comandam o show. Ricardo Teixeira (não esqueci de você), José Maria Marin, Marco Polo del Nero e toda a laia. Eles não erraram na saída de bola, mas acertam na entrada do dinheiro. A alta cúpula da entidade que administra o lazer mais popular do brasileiro promete "tomar providências". A tradução para isso é "dar um jeito de manter o esquema".

Apesar do choro de David Luiz e Júlio César ser melhor recebido que a indiferença de Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho na derrota de 2006, o choro que deve ser realçado são das crianças que, no estádio ou na rua, traduziram em lágrima o vexame imposto pela Alemanha. Repito, este choro é culpa das estrelas que comandam o show. A análise dos 7 a 1 deve ser tática e técnica.

Os quatro gols sofridos em seis minutos são inadmissíveis para uma Seleção que por cinco vezes ganhou o Mundo. Apesar disso, fazendo a leitura de cada lance, é perceptível que houve uma pane geral. Fosse uma partida de vôlei, no segundo gol, o técnico pediria tempo. Fosse uma Seleção malandra, no segundo gol, alguém mandaria o goleiro cair no chão e esfriar o jogo. Isso é um jogo. A derrota ou a vitória faz parte do jogo.

Pena que a malandragem brasileira está apenas em quem tem a caneta nas mãos e não a bola nos pés. Uma malandragem sorrateira, que mina o desenvolvimento do principal entretenimento do país. De um esporte que tem a missão de gerar emprego. De um esporte que paga milhões a poucos, mas que, aos leigos, aviso que 80% dos jogadores profissionais do país recebem, no máximo, R$ 1 mil. São jogadores das divisões inferiores de estados fortes, como São Paulo. Jogadores que talvez você conheça, que talvez jogue pelo time da sua cidade. Que lutam como qualquer pintor, jornalista, pedreiro, garçom para sustentar sua família.

Porteiros, cortadores de grama, roupeiros. Eles também integram a parte mais grossa e pobre da pirâmide do futebol. Por culpa das estrelas, das figuras cancerígenas que comandam o futebol, o esporte que é a minha, a sua, a nossa paixão não gera emprego e desenvolvimento social como deveria e enriquece os abutres. Enquanto esses corvos seguirem no alto, nossa maior derrota não será os 7 a 1 e sim a chance de construir um país melhor através do esporte.
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