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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Inscrições limitadas no Paulistão é mais uma bizarrice

Marco Polo del Nero entrou na alça de mira dos portais de fofoca. Aos 73, o vovô (um dinossauro que já poderia estar em extinção no futebol brasileiro), está ostentando namoradas cinco décadas mais jovens. Pouco me importa as aventuras do tiozão, o problema é que elas devem estar o abalando. Talvez seja a criatividade de del Nero o chamariz para as modeletes juvenis, porque a cada temporada, o manda-chuva consegue destruir o estadual mais poderoso do futebol brasileiro.

A mais nova bizarrice será instituída no Paulistão 2015. Espero que, com três meses de discussão, tal medida seja revogada, mas eu duvido. No ano que vem, os 20 clubes da Série A1 poderão inscrever apenas 28 jogadores no estadual. Soa tão inadmissível, que imagino que a FPF se equivocou ao anunciar a medida. Mas é a mais pura verdade. Das 20 equipes, apenas o São Paulo não recusou a proposta, mas indicou que 30 atletas de linha (e mais três goleiros) fossem inscritos. A nova regra é clara. Fala em 25 atletas de linha e três goleiros. Sem mais. A indicação dos 28 atletas escolhidos tem que acontecer até a sétima rodada. Depois, só será possível trocar quatro nomes em caso de classificação para a segunda fase.

Vamos a uma conta simples. Os elencos devem ficar restritos a três laterais direito, três laterais esquerdo, cinco zagueiros, cinco volantes, seis meias e seis atacantes. O presidente disse que a imposição visa a redução de custos, mas parece ser mais um golpe contra os grandes clubes. São Paulo, Corinthians e Santos têm boas chances de disputar a Copa Libertadores em 2015. A competição começará entre fevereiro e março, ou seja, em meio à modorrenta primeira fase do Paulista. Com o limite de inscrições, a FPF tenta evitar que os clubes abusem os time reservas, temor que a entidade tenta resolver com "dedo no rosto" e não com alternativas tecnicamente (e democraticamente) saudáveis. Os grandes, em contrapartida, deveriam partir para uma tática contrária, recheando o elenco de jovens valores para poupar suas estrelas na competição que lhe rende o que necessita: grana!

A Libertadores não é uma Champions League. Paga ao campeão o que um clube eliminado na fase de grupos da competição europeia põe no bolso, mas, mesmo assim, oferece premiações e renda de bilheteria superiores ao Paulistão. Em contrapartida, há os clubes pequenos, que vêem nos duelos em casa, contra os gigantes, a chance de entrar um dinheiro no bolso. Mas veja o exemplo do Mogi. Está no grupo do São Paulo, só deve enfrentá-lo, se passar de fase e com boas chances da partida ser no Morumbi. Santos e Corinthians jogaram em 2014 no Romildão e apenas o Palmeiras deve ir até Mogi em 2015. Onde estará o tal lucro? O exemplo é do Sapo, mas pelo haverá outros casos iguais.

Enfim, não sou contra o Paulistão. Pelo contrário. O estadual precisa sobreviver, para que os clubes pequenos não morram. A Lei Pelé trouxe uma palha de justiça aos jogadores, mas quem se deu bem foram os empresários e quem se saiu mal foram os clubes, principalmente os de menor peso. Os raros atletas ainda revelados podem não surgir, presos pela regra. Quantos garotos não explodiram lá pela 13ª rodada, quando seu clube está cheio de lesionados e suspensos?

FORMATO
A medida da FPF só é coerente no aspecto negativo. A entidade criou uma fórmula no ano passado e irá repeti-la em 2015. Um formato confuso, motivo de piada em outros estados. Os clubes de um grupo não se encontram na primeira fase e sem medir as próprias forças, se enfrentarão na segunda fase. Isso se não ocorrer a bizarrice-mor. O rebaixamento é medido em âmbito geral. Ou seja, se os quatro piores podem estar na mesma chave e, neste caso, todos caem. O único classificado enfrentaria, então, o melhor terceiro colocado. Como neste ano, pode acontecer de equipes com melhor campanha não avançarem apenas por estarem em chaves mais fortes. Em 2014, o Penapolense terminou em segundo lugar no grupo A com 19 pontos. Corinthians (24) e São Bernardo (23) foram eliminados no grupo B. O XV de Piracicaba, lanterna do grupo B, teve os mesmos 19 pontos do Penapolense...

O Ituano, campeão em 2014, terá que ficar entre os dois melhores em grupo com São Paulo, o sempre perigoso São Bernardo, o emergente e "rico" Red Bull Brasil e o mais regular dos clubes do inteiro desde 2012, o Mogi Mirim. isso porque os quatro grandes serão sempre cabeças de chave. E olha que na última edição, o São Paulo caiu nas quartas de final e o Corinthians nem avançou para a fase final. É, Nero não para de por fogo em São Paulo. Marco Polo não se cansa deste mar de bizarrices. E o estadual mais poderoso é obrigado a se curvar às medidas do futuro dono da poderosa CBF.

PS.: A FPF anda tão desorientada que em 2014 os grupos foram nominados com letras e em 2015 com números.

PS2.: O único elogio é em relação à abertura. Dar mais 15 dias para os clubes será um oxigênio importante para o período pós-pré-temporada.

PS3.: A divulgação da tabela do Paulistão deve acontecer em até um mês. Nesta terça (4) tem o conselho técnico da Série A2 e na quarta (5) a reunião da A3.


COMO FICARAM AS CHAVES

Grupo 1: São Paulo, Ituano, São Bernardo, Mogi Mirim e Red Bull Brasil
Grupo 2: Corinthians, Ponte Preta, Audax, Rio Claro e São Bento
Grupo 3: Palmeiras, Botafogo, Portuguesa, Linense e Marília
Grupo 4: Santos, Penapolense, Bragantino, XV de Piracicaba e Capivariano
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