Calor. Pressão da torcida. Relaxamento pós-acesso. Impossível saber se algum destes fatores pesou contra o Mogi Mirim na goleada de 4 a 1 sofrida para o Paysandu neste sábado (1º). O resultado elástico no estádio Mangueirão, em Belém (PA) é um balde de água fria em meio às justas celebrações pelo acesso à Série B de 2015. A derrota no Norte do país foi costurada com uma linha de erros na defesa. Se em partidas comuns os erros precisam ser minimizados, em uma semifinal e diante de um adversário que tem um poder de fogo comprovado.
Com os quatro gols de hoje, o Paysandu chegou a 108 gols, alçando o Papão à condição de terceiro melhor ataque brasileiro na temporada. Apenas Ceará (118) e Cruzeiro (110) superam o ataque que hoje superou o Mogi. Os dois primeiros gols, marcados antes do primeiro terço da etapa inicial, nasceram na esquerda da defesa do Mogi. Em ambos os lances, foi perceptível a formação de um buraco, que foi preenchido pelo veloz e promissor Bruno Veiga (revelado na base do Fluminense). O atacante invadiu a área com liberdade. No primeiro gol, chutou cruzado. No segundo, driblou André. Gols que desmontaram o Sapo.
O começo com bom toque de bola, no estilo dinâmico e coletivo que marcou o acesso, deu lugar a uma sucessão de erros. Os passes não saíam. Os dribles muito menos. O Paysandu, com a festa dos mais de 30 mil pagantes, aproveitou. Ainda no primeiro tempo, Airton bateu escanteio e o zagueiro Pablo ampliou. Desta vez a falha foi de posicionamento na bola parada. Ninguém subiu. Foi assim também quando Djalma cruzou da direita, Dennis cabeceou e André salvou. Fim de um primeiro tempo que fez lembrar São Paulo x Emelec, na quinta passada. Só que diferente do duelo no Morumbi, não houve reação. Claudinho Batista até tentou mudar o perfil do time, sacando o cerebral Vitinho para entrada do velocista Thomas Anderson.

Mas, lembra do jogo do São Paulo com o Emelec? Aos 41 minutos, após cruzamento da direita, Thomas Anderson aproveitou a falha de Charles e descontou. A estrela do atacante, que marcou o gol do acesso em Salgueiro, empolgou o Mogi. No minuto seguinte, Leonardo ganhou da defesa, tinha a opção do passe para Thomas, mas preferiu o chute, que levou muito perigo para Paulo Rafael. O Sapo teve ainda uma chance em uma falta e um impedimento mal marcado que deixaria Thomas em boas condições. Apesar do sufoco final, não houve mudança no placar.
A partida de volta será no domingo (9), às 16h00, no estádio Romildo Ferreira, em Mogi. E é impressionante como o tal "gol fora de casa" muda a história de uma mata-mata. Caso o jogo terminasse 4 a 0 para o Papão, o Sapo precisaria vencer por cinco gols de diferença para avançar à final. Por exemplo, se sofresse um gol, necessitaria de seis para obter a vaga. Porém, o gol de Thomas dá ao Sapo a chance de ir para a final com uma vitória de 3 a 0.
Qualquer vitória por quatro gols de diferença também dá a vaga ao Sapo e o único placar que leva a decisão para os pênaltis é 4 a 1 a favor do Mogi. Interessante é que, na Série C, o placar mais dilatado do Mogi, em casa, foi um triunfo de 3 a 0 sobre o Tupi, rival derrotado pelo Paysandu nas quartas de final. Uma boa motivação após o baque de Belém e um alento para a torcida do Sapo plagiar o "Eu acredito" que tantas vezes moveu o Atlético-MG a reversões inimagináveis.
