Três jogos, um empate e duas derrotas. Os números de Edinho no comando do Mogi Mirim não são empolgantes. Com um ponto em nove disputados, o Sapo é o lanterna da Série B. Apenas o Boa Esporte tem campanha semelhante, ou seja, ainda não venceu! Mas para julgar um trabalho, é preciso ir além dos resultados.
Para começar, gosto dos treinos aplicados pelo treinador. Na véspera do duelo com o Sampaio Corrêa, foi perceptível que Edinho montou o time reserva idêntico ao adversário. Geovane Loubo tinha a função de double de Cleitinho, o velocista atacante temido por Edinho. No treino, a marcação e a armação do time titular fluiu muito bem. Mas e no jogo, que é o que interessa? Assim como nos dois jogos anteriores, o gol rival nasceu em uma falha. Desta vez, não foi um erro individual, mas coletivo. Além de Leonardo, Geovane e Magal não cobriram o setor esquerdo. Na direita, Edson Ratinho não marcou Robert. Daniel nada pode fazer. Edinho pode. Pode cobrar maior aplicação e atenção do time pelas laterais.
Também pode e deve cobrar maior eficiência do ataque. O Mogi Mirim finalizou 18 vezes na meta boliviana e só acertou o alvo em cinco. E só Junior Juazeiro, já após o 1 a 0 contra, conseguiu superar Ruan. O aproveitamento de chutes no alvo foi de 28%. E de bola na rede, de 5,55%. Os números do jogo com o Sampaio, mostram como o Sapo não jogou mal. O time teve 64,1% de posse de bola. Finalizou três vezes mais que o rival (18 x 6), acertou o dobro de passes (363 x 182) e teve um aproveitamento bom neste quesito (89%). Até nas viradas de jogo o time foi bem, com sete tentativas e sete acertos (com 35, o Sapo lidera este quesito entre os 20 clubes da Série B). O Mogi ainda cometeu menos faltas que o Sampaio (13 x 16). Um pecado registrado é na bola aérea ofensiva. O Mogi tentou por 17 vezes entrar na área rival pelo alto, mas só acertou um cruzamento!
Apesar deste último dado, os números são positivos. O desempenho não foi de um time que ainda não venceu e segura a lanterna. Edinho parece merecer mais tempo a frente do Mogi Mirim. Um raciocínio levantado por muita gente no estádio. Não era incomum ouvir de torcedores, em diversos setores do Romildo Ferreira, que ‘a culpa não é dele’. É claro que há os pecados. O maior deles foi ter treinado poucas vezes com as escalações que utilizou diante de Criciúma e Bahia. Edinho pagou o preço com derrotas que deixaram seu cargo sob ameaça, mas parece ter aprendido uma das primeiras lições nesta nova vida. Na véspera do jogo com o Sampaio, o time que treinou foi o que jogou. Simples, sem invenção. Mas se Edinho não pode ser o maior culpado, o que explica o mau desempenho? Na verdade, é um conjunto de fatores em que o próprio Edinho está inserido.

ELENCO ATUAL
Magrão é um ótimo centroavante. Centroavante! Finaliza melhor do que muitos ‘camisas 9’ da Série A. Mas a bola chega poucas vezes em condições de finalizar com perigo. E nas raras chances, tem falhado. Ou seja, como a fase do time também não é boa, é hora de Junior Juazeiro, o estrelado, assumir a posição. Na lateral esquerda, Leonardo é outro que não está sem seus melhores dias. Após voar na reta final do Paulistão (marcou gols contra Ponte Preta, São Bento e Marília) e foi um dos mais regulares (inclusive com assistências importantes), Leonardo voltou a ser burocrático na frente e, diferente de antes, tem errado muito na defesa.
O problema é que o elenco carece de peças para o setor. Apenas o jovem Luan está à disposição de Edinho, que no segundo tempo improvisou Vitinho no setor. E, assim como após o duelo com o Criciúma, insisto. O elenco do Mogi precisa ser reforçado em qualidade e não apenas quantidade. A chegada de meia cerebral e desequilibrador, um atacante de beirada, que encarnice a vida dos zagueiros rivais e um centroavante com faro em alta, do naipe do Robert, do Sampaio. É claro que para conseguir trazer estas peças, o investimento terá que ser maior. Não sei dizer quanto Rivaldo pode e/ou pretende gastar nesta Série B. Só sei que o elenco precisa destas peças para minimizar o risco de uma volta à Série C.

POSITIVO
Agradou a mim e a muita gente, a participação do volante Jhonatan Almeida, ex-Romarinho. Além de mudar o nome, o jovem atleta, revelado na base do Mogi, mudou o setor. Mostrou desenvoltura no ataque, arriscou chutes, errou poucos passes e marcou bem. Como Bartholo encaixou bem no time, sua volta após a dengue deve culminar em uma escalação com três volantes ou em uma bela dor de cabeça para o treinador. Já Magal, apesar de alguns erros bobos, mais uma vez fez boa partida e ainda terminou o jogo como o atleta com mais posse de bola: 9% da partida ficou a cargo do volantão.


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