Não quero saber de números. Pouco me importa se alguém marcou mais gols. Se alguém ganhou mais títulos. Não ganhou a Premier League? Azar, da Premier League! Pouco me importa se ainda há mais um jogo. Pouco me importa se o último jogo em Anfield não acabou. Aliás, jamais acabará. Liverpool x Crystal Palace é um capítulo excêntrico. Se houver um hat-trick da lenda ou a expulsão da lenda, ele é a lenda. Um mito que se despede de quem jamais o deixará andar sozinho. Pois ele nunca abandonou seu Liverpool.
Nem quando estava 3 a 0 para o Milan em Istambul, em sua maior conquista. Nem quando viu seu primo morrer na maior tragédia que envolveu o escudo que ele defendeu. Que lhe defendeu quando escorregou, na maior tragédia de sua carreira. Uma carreira marcada pela camisa 4 na Seleção, mas, ele amou seu time duas vezes mais. Multiplique e chega à 8 que jamais andará sem ser associada à ele: Steven Gerrard.
Até o nome parece um detalhe. Stevie G ou a lenda. Eterno capitão. Ao falar sobre ele, falasse sobre o Liverpool. São bandeiras como ele que tornam o futebol algo maior do que é. E a despedida de Anfield Road, onde pisa desde criança, é um marco. É uma final. Um final para quem jamais acabará, ao menos, em Anfield. Neste sábado (guarde a data, 17 de maio de 2015), os Reds entoaram You will never walk alone e o alvo não era o Liverpool. Era Gerrard! Uma das últimas figuras de brilho por um única camisa. Pouco me importa se ele vai iniciar a aposentadoria em Los Angeles.
Anfield se despede de Gerrard, como o Old Trafford já disse adeus a Ryan Giggs, o Morumbi acenará pela última vez a Ceni e o Camp Nou deve um dia chorar o fim da 'Era Lionel Messi'. É vendo o adeus a um Gerrard que podemos decretar como heresia chamar qualquer um de ídolo. Mitos só são mitos se fizerem o que ele fez. Pouco importa os números. Pouco importa os gols. Os titulos. O sinônimo de idolatria é ser reflexo da paixão. É amar do gramado um amor idêntico ao dos que estão nas arquibancadas. isto é ser Gerrard!
PS.: Se você assistiu a homenagem a Gerrard e não se emocionou, repense o nível de sua paixão pelo futebol. E parabéns ao Fox Sports, por escolher Mauro Beting para comentar o jogo ao lado do cada vez melhor Gustavo Villani. O comentarista que mais se aproxima da poesia em sua fala, em sua escrita, tinha que nos contar o fim desta história!
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