terça-feira, 7 de julho de 2015
Mogi Mirim 2 x 1 Náutico - O Sapo voltou a vencer após 100 dias de escuridão
Ir ao Romildo Ferreira é um hábito desde que ele era Wilson de Barros. Sem futebol profissional na minha Itapira, pegava o ônibus e a estrada para fazer o hobby que mais amo. Hoje, como jornalista, mantenho o hábito. Há a obrigação, é claro. Horários a serem respeitados, posturas que precisam ser adotadas. O ofício me permitirá entregar uma reportagem à SEC TV, que será exibida após as 18h35 desta quarta no Canal Aberto. Os lances também se transformarão em texto na edição de sábado (11) do jornal O Impacto.
Mas, antes do ofício, preciso compartilhar com os amigos da rede. Compartilhar um resumo da visão que tive de um jogo que me fez ter prazer de trabalhar. Desde as 18h00, quando cheguei no estádio, imaginava que coisas boas estavam por vir. Pelo lado jornalístico, que me torna imparcial. Boas histórias sairiam daquele colosso de concreto. O estádio de futebol pulsa, tem vida, para aqueles que têm paixão por este esporte. E nesta terça, o estádio pulsou ainda mais. Foram apenas 262 pagantes. Na soma com aqueles que não pagaram, talvez uns 300.
Gente que enfrentou chuva e frio para ver um time que estava atolado na lanterna. Pessoas que pagaram no mínimo R$ 25 para ver o Mogi enfrentar o arquitetado Náutico de Lisca. Para surpresa de muita gente, foi noite de ver Rivaldo. Um ano, três meses e 22 dias após aposentar, ele desaposentou-se. Jogou com a 10, mas foi volante. Centroavante. Todo-campista. Parecia um menino de 43 anos, com inversões de jogo precisas, passes corretos e um ainda impressionante posicionamento. Rivaldo tem um GPS na cabeça e encurta os espaços. Jogou por 68 minutos, mas saiu de campo com um cenário igual aos os 10 jogos de jejum na Série B. Dos 100 dias de seca em 2015.
A Trilha do Mogi na Série B é um calvário. Mas, ao invés de xingamentos, os jogadores ouviram apoio o tempo todo. Os poucos não marcharam. Jogaram junto com um time que não faz jus a ingresso de R$ 1 pelos resultados, mas que, diante do Náutico, tiveram uma entrega de R$ 100. Separo elogios a Henrique Motta, um leão no meio e na depois na zaga, quando supriu a ausência do irregular Renato Camilo. Luan também foi muito bem. O garoto teve personalidade, marcou, atacou, driblou, errou e se levantou. Ele não estava na posição devida quando o ataque do Náutico venceu a defesa mogiana e Douglas, no único chute do Timbu no primeiro tempo, fez 1 x 0.
Nem o mais otimista torcedor Vermelhinho pensou em reação. Seria a oitava derrota em 11 jogos. Seria. Como disse, houve harmonia entre campo e arquibancada. A recompensa poderia ter saído dos pés de Rivaldo, midiadicamente a inegável estrela da noite. Aos 19, a grande chance. Falta em Rivaldo. Entrada da área, meia lua. Nos treinos, dali, ele bate e faz vários. No jogo, ele bateu, mas foi batido por Júlio César, o goleiro que impediu o primeiro gol de Rivaldo pelo Mogi desde 1993... E ele já havia perdido gol sem que Júlio tivesse chance. E ele saiu. O genro, Gustavo, entrou. Diferente de contra o CRB, quando errou até o que não tentou, o que menino foi bem. Aos 25, ele passou para Luan, que cruzou para Ortigoza ajeitar e Serginho explodir.
Implodir a agonia de um estádio que clamava pela virada sabendo que até o empate era difícil. O 1 x 1 saiu e o Mogi abocanhou o rival de vez. Ortigoza, Serginho, Ratinho, Gustavo, Geovane. O Mogi criou como nunca, mas a bola não entrava, como sempre. Até que aos 42 Serginho recebeu pelo meio. Na imperfeição da profissão, deixei escapar um "vai você, chuta". Serginho chutou. Serginho fez. Da virada, aos apito final, o que se viu foi uma agonia estimulante no olhar de cada presente. Quem ali esteve, voltará, independente do que aconteça em Goiânia, na sexta, contra o Atlético-GO.
Como eu voltei, com um papel diferente, anos após as aventuras de criança. Histórias renovadas. Ampliadas. Como a esperança do torcedor do Sapo, após o fim do jejum. Histórias que serão contadas, mas, compartilhadas primeiro, no jornal. E na TV. Mesmo com as recaídas de torcedor, e a ansiedade de blogueiro, há o dever. De quem ainda pega o mesmo ônibus, de volta para Itapira após ir ao estádio mas que, agora adulto, enxerga no futebol algo maior que 22 'caras' atrás de uma bola. O futebol é uma fonte. Uma fonte de histórias. Boas histórias!
SOBRE O AUTOR

Lucas Valério
Jornalista formado em 2009 pela Universidade Paulista, repórter do jornal O Impacto, setorista do Mogi Mirim EC, narrador da Rádio Clube. Apaixonado por esporte. Viciado em futebol.
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