terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A missão colchonera de ressuscitar o ídolo Torres

"Confio muito em Fernando". A frase de Diego Simeone durante a entrevista coletiva desta terça-feira (6) confirmou. Torres será titular do Atlético de Madrid nesta quarta-feira, pelas oitavas de final da Copa do Rei da Espanha. Tudo parece conspirar para uma história mirabolante. Torres é a principal cria de um clube enorme, mas que viveu por anos no ostracismo. O atacante, aliás, participou deste período em que o azul e branco era descolorido por um cabisbaixo cinza.

Torres saiu, o Atlético se reconstruiu e finalmente reinscreveu seu nome na Europa. Ganhou a Copa da UEFA com Forlán e Aguero. Copou a Liga Europa, Copa do Rei, Supercopa da Espanha, Supercopa da Europa, Campeonato Espanhol e por pouco, muito pouco, não chegou ao auge com a Liga dos Campeões. Méritos de um tal Diego Simeone, capitão rojiblanco durante alguns anos da primeira 'Era Torres'.

A realidade de 'cria' e 'criador' mudou tanto que, a antiga esperança de reerguer o Atleti tem nos Colchoneros a chance de ressuscitar. Aos 30 anos, o velho-novo atacante do lado vermelho e branco de Madrid tem muitos motivos para voltar a ser o temido 'El Niño' que nasceu nas canteras do Vicente Calderón. O principal deles é a incrível torcida rojiblanca. No domingo (4), mais de 40 mil fanáticos foram até o estádio recepcionar o agora camisa 19. Jamais um reforço teve tantos adeptos em uma recepção no Calderón. A insanidade foi tanta que o próprio Torres lançou uma das concorrentes a frase do ano. "Um dia eles terão que explicar porque eu mereci isso".

O atacante ainda não tem um taça sequer pelo Atlético. Culpa do ostracismo de seu tempo? Sem dúvida. E um motivo a mais para o atacante lutar pela sua ressurreição. O carinho colchonero será exatamente o contrário da impaciência que o assombrou em Stamford Bridge e a indiferença dos rosoneros em Milão. Torres apenas não caminhou sozinho em Anfield Road, onde marcou 65 gols apenas pela Premier League. Foram quase quatro temporadas no Liverpool, praticamente o mesmo período em que fez 45 gols pelo Chelsea.

O menino que emergiu em 2001 ao profissional do Atlético e ficou até 2007 no Vicente Calderón parecia assustado em Londres. Foram 10 jogos para fazer seu primeiro gol com a camisa azul e 172 para concluir um calvário. Para acabar de vez com o período nebuloso, Torres também contará com Simeone. Companheiro do atacante em sua segunda passagem pelo Calderón (já em fim de carreira), o técnico argentino é um especialista em extrair o máximo de seus jogadores. Até aqueles com potencial duvidoso, como Adrián Lopez e Sosa conseguiram mostrar um bom futebol nas mãos de 'El Cholo'.

Torres não é um perna de pau. Virou piada por não entregar o que prometia, mas ainda pode ser reinventado para o futebol. O atacante ainda terá que vencer a concorrência com Mario Mandzukic, autor de 14 gols em 22 jogos e Antoine Griezmann, francês que embalou e tem sido fundamental nas últimas rodadas. Concorrência pesada, desconfiança, idade avançando. Pedras no caminho de um ídolo que será conduzido por milhões de fanáticos, convictos de que é possível ressuscitar Torres até o final da próxima temporada.

Três dias após ser apresentado, o processo de ressurreição poderá ser iniciado justamente contra seu grande algoz. Em nove jogos, Torres jamais venceu o Real e marcou apenas um gol: justo em seu último dérbi, em 2007. Depois, em mais três dias, mais simbologia. O Barcelona, no mesmo Camp Nou em que Torres, em um raro bom momento no Chelsea, calou 90 mil catalães. Tudo conspira para que a volta do filho para casa signifique festa para toda a família colchonera, que tem a missão de fazer ressurgir das cinzas El Niño vermelho e branco.

SERVIÇO - ATLÉTICO DE MADRID X REAL MADRID
Copa do Rei da espanha - Oitavas de final - 18h00 (Brasília)
Transmissão ao vivo no Brasil no Sportsplus (canal da Sky)

COM A PALAVRA: DIEGO SIMEONE, TÉCNICO DO ATLÉTICO
"Se não viesse com força, não teríamos insistido para poder contar com ele. Cremos que necessitamos de suas características futebolísticas dentro de um grupo de futebolistas diferentes e ele nos vai potenciar um ataque que terá muita competência".

Pessoalmente tenho uma boa recordação dele como jovem, quando eu terminava minha carreira como jogador de futebol aqui (no Atlético). Ele era muito jovem para todo um que estavam esperando dele. Depois, o que foi sucedendo nós conhecemos, todo o que fez na Europa e sobretudo com a seleção espanhola. Este regresso ele se encontra em plenitude, quando um jogador tem 30 anos, tem ilusão, entusiasmo. Ele é querido no lugar para onde voltou".

NÚMEROS DE FERNANDO TORRES
2001 à 2007: Atlético de Madrid: 244 jogos e 91 gols
2007 à 2011: Liverpool: 142 jogos e 81 gols
2011 à 2014: Chelsea: 172 jogos e 45 gols
2014: Milan: 10 jogos e 1 gol

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