quinta-feira, 22 de maio de 2008

A DOR DA DERROTA

Em uma guerra, uma batalha, um jogo, uma aposta, sempre há vencedores e perdedores. Durante a história da humanidade guerreiros, generais, líderes ficaram marcados por conquistas e derrotas. Napoleão, rei da França é emblemático, alvo até de piadas dois séculos após sua prostante queda. Hitler caiu na derrota na mesma proporção em que alcançou seu apogeu na formação da Alemanha Nazista.

No esporte as marcas das derrotas são diferentes apenas nas baixas. Não se perdem vidas, mas oportunidades, no futebol os Deuses da bola às vezes transformam a lágrima de um dia na alegria de outrora. Os perdedores sofrem na queda, mas a distinção entre eles é a dignidade.

No duelo de Moscou o time todo do Chelsea perdeu. Lutaram, batalharam, foram gladiadores em campo assim como os adversários de vermelho. Drogba além da derrota perdeu a cabeça e foi expulso no término da prorrogação, Anelka desperdiçou a última cobrança e seria para muitos o grande vilão da tarde. Mas não houve vilões. Quem assistiu o jogo se emocionou com o líder da tropa azul dentro do gramado. Vibrante, John Terry, com a farda 26 carregava o desejo de ser campeão continental após 6 anos lutando com a camisa do Chelsea. Após cair em 3 semifinais essa era a chance e não poderia desperdiçar!

Durante o jogo, assim como seus companheiros Makelele e Essien, foi um leão em campo, marcou, desarmou, tirou inúmeras bola de cabeça na sua área de combate. No primeiro tempo da prorrogação sua participação mais efetiva, de cabeça fez uma defesa, salvou o gol de Giggs e a metade azul em Moscou aliviou-se com o capitão.
O jogo chegou à disputa por penaltis, o único a desperdiçar uma cobrança foi o craque oponente, Ronaldo e a bola do título, UEFA Champions League caiu nos pés de John Terry. Confiante, concentrado, pensativo, não sabemos analisar o pré-penal de Terry, mas o pós...
Terry escorregou, como quem está em solo ensaboado. Malditos ases da bola que lavaram suas chuteiras com um sabão de lágrimas. A bola caminhou alada para o lado de fora e dentro do coração de Terry a agonia, ao final das cobranças o veredito fatal colocou Terry como vice-campeão, ele não conseguira alcançar seu sonho e de sua grande torcida, seu choro incontido emocionara até os adversários cheio de dentes pela vitória.

Quem ama futebol chorou com Terry, que ama seu clube, como nos longínquos tempos em que o esporte bretão era movido pela emoção desnuda de ganancia e o tal profissionalismo pregado e hoje essencial.


O futebol pode até dar uma Champions para Terry e seu legado, mas suas lágrimas ficarão sempre no gramado do estádio Luzhniki, e que brote uma planta da dignidade desportiva gerada no coração do perdedor mais vencedor dos últimos tempos.

FOTO: AGÊNCIA EFE

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