domingo, 10 de novembro de 2013

A falta de bom senso no caso "Capacidade do Moisés Lucarelli"

Lucas Valério
lucasluis_valerio@hotmail.com

Desde que a Ponte Preta avançou para a semifinal da Copa Sul-Americana, uma avalanche de falta de bom senso tomou conta das resenhas entre torcedores e jornalistas esportivos. Em primeiro lugar, vamos explicar o caso. A Macaca foi heróica na Argentina, venceu o Vélez Sarsfield e avançou para a semi da Sul-Americana.

Com a vaga, a Alvinegra vai enfrentar o São Paulo e, por sorteio, o segundo jogo será em Campinas. Oportunidade histórica para a GIGANTE Ponte Preta receber uma semi continental em sua majestosa casa. Porém, o futebol é feito de regras e regras foram feitas para serem cumpridas. PONTO. Diz o regulamento da Copa Sul-Americana, que até as quartas de final, estádios com capacidade inferior a 20 mil lugares, podem ser utilizados pelos clubes. A partir da semifinal, a capacidade deve ser superior a 20 mil lugares.

Não tenho o laudo de público no Moisés Lucarelli em mãos. Há quem garanta que é de 19.728. Há quem garanta que seja entre 22 e 23 mil. Fato é que, se for inferior, o dueo não pode ser em Campinas. É o que diz o regulamento, não o São Paulo. Todos os clubes assinaram tal documento antes da competição. Caso um laudo diga que a capacidade é superior, o jogo TEM que ser em Campinas. São regras. É interessante que os mesmos que criticam o São Paulo na busca pelo cumprimento de uma regra, talvez se aborreçam com empresas que não cumpram com o direito do consumidor ou com infrações de trânsito. 



Só fico assustado com o pedido do São Paulo em um sentido. Se a Conmebol é quem faz as regras, ela tem a obrigação de ter uma lista com os laudos dos estádios, dos clubes, que disputam a competição. Assim, não deveria ser necessário um clube enviar um documento e fazer um blá blá sobre o tema. A própria Confederação deveria se manifestar e dizer o jogo será no estádio "X" ou um "Y" deverá ser disponibilizado.

Ainda no caso do São Paulo, o que o torna vilão neste caso é a recorrência. Em 2005, na final contra o Atlético-PR, a Arena da Baixada não tinha a capacidade exigida para a final: 40 mil lugares, no caso da Libertadores. Mesmo situação ocorreu com o Tigre, em 2012, na final da Sul-Americana. O pequeno estádio Monumental Victoria não tinha capacidade mínima exigida e a decisão foi para La Bombonera.

E nesta discussão cabe outra falta de bom senso. E ela está no próprio regulamento da Conmebol. Esta questão de capacidade precisa (e dúvido que será) revista. Ela é injusta e incoerente. Eis um argumento. Se o Moisés Lucarelli pode receber uma partida de quartas de final, por que não uma semifinal? uma final? Não vão me dizer que é pela importância da fase. Imaginem se o duelo da 1ª fase (sempre entre brasileiros) fosse contra o Guarani. O que é mais arriscado?

Um dérbi com o maior rival ou uma semifinal com o Bolívar? O que a Conmebol quer é maior arrecadação. Como qualquer federação, ela vive e só pensa em dinheiro e por isso a capacidade passa a ser uma exigência. Se a questão é segurança, que em um estádio de 19.728 torcedores seja exigida a venda de apenas 15 mil ingressos. Simples para mim, nem tanto para a avarenta Conmebol.

Enfim, torço para que a capacidade do Moisés Lucarelli seja de 20.001 lugares. Que o segundo deste histórico duelo seja em Campinas. A imensa torcida pontepretana e, principalmente, o futebol do interior do Brasil, merece este prêmio. Campinas, após os épicos anos 70 e 80, merece este jogo.

Mas, se o estádio não cumprir o regulamento, espero que não haja "um jeitinho". O maior mal do país são as brechas na lei, ou seja, que, desta vez, a regra seja cumprida. E que nos próximos anos, este artigo a respeito de capacidade seja revisto...
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