Por Lucas Valério
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6 de junho de 1944. Na Normandia, região do noroeste da França, diversas tropas Aliadas desembarcaram a fim de combater a dominação da Alemanha Nazista. Foi a maior operação aeronaval da história militar, com cerca de 1.200 navios e mil aviões. 16 de outubro de 1962. Em Cuba, teve início 13 dos mais tensos dias da história. EUA e União Soviética chegaram ao ápice da Guerra Fria. Dias antes, os americanos divulgaram fotos de um voo secreto realizado sobre Cuba apontando cerca de quarenta silos para abrigar mísseis nucleares. Houve uma enorme tensão entre as duas super-potências pois uma guerra nuclear parecia mais próxima do que nunca. Treze dias depois, não houve conflito.
27 de novembro de 2013. A proporção é, clarividente, menor, a qualquer uma das situações. Porém, os cenários são também causam uma enorme preocupação e Mogi Mirim será o centro das atenções da Guerra dos Três Erros. Após vetar o Moisés Lucarelli, a Conmebol definiu nesta segunda-feira, 18, que o estádio Romildo Ferreira, em Mogi, está apto para receber a semifinal da Copa Sul-Americana. Últimos detalhes separam o anúncio oficial e uma reunião acontece na noite desta segunda-feira entre dirigentes mogimirianos e alvinegros. Entre os pontos finais está a garantia de que o estádio será entregue após o aluguel no mesmo estado em que for locado.
Impossível não haver tensão. Medo. Após o "sim" definitivo, Ponte e São Paulo jogarão no Romildão na quarta-feira, 27, a partir das 21h50. O duelo valerá vaga na final e o título valerá uma vaga na Libertadores de 2014. Por tudo isso, a batalha já seria histórica. Mas, por erros de todos os lados envolvidos, o cenário desenhado é de temeridade. O próprio presidente da Ponte Preta, Marcio Della Volpe, afirmou em entrevistas durante a semana que teme pela falta de segurança no trajeto para Mogi Mirim e nos arredores do estádio Romildão.
“Agora sim a insegurança está instalada: vamos colocar 20 mil torcedores na estrada e vai ser aquela complicação, pois nossa torcida estará raivosa por não jogar em casa Infelizmente isso tem sido comum na vida do São Paulo. Eles brigam tanto com outros times que parecem gostar disso”, afirmou Della Volpe.
A declaração é de um dirigente mordido pela arrogância de um co-irmão. Concordo que o São Paulo lutou pelo que considera legal. E é legal. O Majestoso não poderia sediar o jogo. Eis o erro da Ponte. A Conmebol não poderia ter permitido os jogos com Pasto e Vélez. Eis o erro da CSF. E o São Paulo poderia ser diplomático, jogar em Campinas e não aumentar o clima de guerra. Eis o erro do São Paulo. Eis, aí, a explicação para a Guerra dos Três Erros.
Agora, torço para que a invasão à Normandia mogimiriana não termine em confronto entre torcedores. Que não haja danos às casas dos mogimirianos. Que não haja danos ao organizado estádio Romildão. Que, assim como em Cuba, não passemos de uma Guerra Fria, com os mísseis resumidos às estúpidas atitudes de TODOS os dirigentes envolvidos e que após a tensão, o melhor vença na batalha que de fato deveria ser a protagonista: a batalha do campo!