O chapéu de Dudu, Arouca e o patamar do Palmeiras

O torcedor do Palmeiras se acostumou, nos últimos anos com uma frase incômoda, dolorosa. "O Verdão sonhou com o Messi e acordou com o Mazinho". Símbolo da derrocada futeboleira, misturada à péssima gestão, a 'zombeira' dos rivais variou tanto que, com o time brigando tanto contra a degola, o Palmeiras virou café com leite. Não havia motivo para fazer chacota, havia dó, piedade dos rivais. Os santistas não martirizam Thiago Ribeiro como a do São Paulo fez com Grafite ao salvar o Corinthians.

Ainda não martiriza. O Palmeiras entrou em uma semana de mudança de patamar. Ou melhor, de volta ao patamar. Voltou a ser chato. As negociações com Arouca podem até não vingar, mas percebo pelas ruas a empolgação, a auto-estima do alviverde ao falar do volante. Em duas noites me peguei ouvindo rodas de palmeirenses falando. "Viu só, o Arouca vem vindo aí". Frase até com certo receio, culpa justamente do antigo patamar.

Tirar Arouca do Santos não é apenas incomodar o Santos. É a mostra de que há uma mudança de nível entre os próprios clubes. Endividado, com um recém-empossado presidente e em meio a um bagunçado planejamento, o Peixe caminha para substituir o Palmeiras em uma via sacra espinhosa. Hoje, o santista já vê o rebaixamento para a Série-B, algo inimaginável para um clube da patente do Santos na história passada e recente.

Algo tão latente para o recente Palmeiras, que agora sonha alto. Tão alto, que deu um tiro em Leandro Banana e acertou em Dudu. O primeiro chapéu do Verdão no Corinthians não teve repercussão, mas o segundo, além de acertar o rival alvinegro, acrescentou o São Paulo à lista de 'inconformados' com o Palmeiras. Neste final de semana o clube oficializou o acerto com Dudu. Isso mesmo. O atacante do Dínamo Kiev negociava com São Paulo e Corinthians há um tempo.

A novela parecia uma prévia da possível disputa entre ambos na Libertadores. Porém, se a luta na competição tiver o mesmo resultado da 'Novela Dudu', San Lorenzo e Danubio passarão de fase. Ou até o Once Caldas... O Corinthians não se acertou com o clube ucraniano. O São Paulo não se acertou com os empresários do atleta. O Palmeiras acertou em cheio em contratar Dudu. O atacante não é nenhum Messi, nenhum extra-classe. Mas, é óbvio que está longe de ser um Mazinho, de ser aqueles reforços que desembarcaram de baciada no Palestra Itália.

Ainda não quero entrar no aspecto técnico e tático do reforço. Não é a capacidade futeboleira que está em discussão aqui. A contratação de Dudu retoma a auto-estima do Palmeiras e do palmeirense. Somada à uma possível chegada de Arouca, faz, novamente, corintianos, são paulinos e santistas sentirem, pelo menos, uma ponta de ira. Uma vontade de zoar o palmeirense caso haja derrapadas na passagem de Dudu ou em uma possível eliminação. Algo que até o alviverde estava com saudade...

PS.: Há apenas um receio. O de que o Palmeiras tenha feito um acordo de encruzilhada para ter Dudu. Empresários e Dinamo queriam muita grana pelo atacante e Verdão pode ter vendido a alma para tê-lo. Com tantos problemas financeiros, não é uma saída com bom senso. Porém, para quem precisa ressuscitar, às vezes, a sensatez precisa ser ignorada. Que o Palmeiras consiga andar na corda bamba do dinheiro com responsabilidade. Se conseguir, ponto para Alexandre Mattos, o 'cara' que está colocando a mão em Lázaro...