O Mogi Mirim não perdia na estreia do Campeonato Paulista desde 2011. No ano seguinte fez 2 a 0 na Catanduvense, fora de casa. Em 2013, empatou sem gols com a Ponte Preta. No ano seguinte, vitória pro 2 a 1 sobre o Comercial, no Vail Chaves. No ano passado, foi a vez de vencer o XV de Piracicaba, no Barão de Serra Negra, por 1 a 0.
O revés em casa diante do Grêmio Osasco Audax, porém, ainda não merece olhares pessimistas. O Sapo perdeu por 2 a 1 em um jogo com detalhes atípicos. Na primeira investida os visitantes abriram o placar. Cabeçada de Ytalo, com desvio na zaga que matou Daniel. O goleiro também ficou vendido quando o lado esquerdo da defesa cochilou e Ytalo, livre, apenas o encobriu. O gol nos acréscimos da primeira etapa também não é comum. Sinal mais de falta de atenção do que de qualidade.
Nas duas etapas faltou um pouco mais de agressividade do ataque. Mesmo sem ser encardido, o setor ainda acertou a trave com Ortigoza. O atacante, aliás, é dos mais azarados. A bola bate nele e não entra. Certa vez Sérgio Guedes teve boa definição. "Esta é a diferença dos que ganham R$ 5 mil para os que ganham R$ 100 mil". Saber estar um passo atrás ou à frente é determinante. Ainda mais para os azarados...
O setor ofensivo também pecou pelas jogadas laterais. Na citada bola no travessão, Bruno Teles foi acionado e Gustavo, o melhor em campo, aproveitou o lance que na sequência seria desperdiçado por Ortigoza. Alex Reinaldo pouco apareceu no primeiro tempo. Segundo Toninho por culpa do esquema do Audax e por isso ele prendeu Wendel no setor pela direita, investindo no garoto Ruster. Garoto bom de bola, mas ainda verde para o estadual mais forte do país. Roniele entrou completamente fora de ritmo e o setor deve ser o mais alterado por Cecílio para o próximo desafio, quinta, às 18h30, contra a Ferroviária.
É preciso destacar ainda o trabalho de Fernando Diniz. Olhar apenas o derrotado é ser injusto com o vencedor. O Audax tem um padrão imposto por Diniz há quatro anos, jogadores que seguem sua doutrina. A movimentação e a posse de bola já complica os rivais com um 0 a 0, imaginem quando os osasquenses já estão em vantagem. O Mogi ainda criou chances na etapa final, descontou em pênalti bem marcado e depois convertido por Gustavo. E teve mais uma bola no travessão, com Paulão. Não foi um início desejado. Nem como de outros campeonatos. Mas tem lá seus pontos positivos.
CONCEITO INDIVIDUAL - MOGI MIRIM
Daniel - Não teve culpa nos gols e ainda foi seguro na etapa final. Mostrou estar melhor condicionado para as bolas altas, sua principal deficiência em outras temporadas.
Alex Reinaldo - Não foi acionado no primeiro tempo e como o apoio é seu forte, não mostrou o potencial. Substituído no intervalo.
Paulão - É a quinta opção de Toninho Cecílio, mas, fez uma partida mais segura que boa parte da Série B. Mesmo assim, na etapa final, deixou buracos no setor. No ataque quase empatou.
Gabriel Dias - Zagueiro técnico, de boa saída, exagerou na confiança e entregou bolas bobas. Falhou no segundo gol ao ceder espaço para Ytalo marcar.
Bruno Teles - Quando apareceu no ataque criou boas chances e mostrou que será útil durante o Paulistão. Porém, na defesa, também deixou espaço para o segundo gol no Audax.
Josa - Muito abaixo do esperado. Errou passes, perdeu divididas e deu contra-ataques ao Audax. Capitão, tem perfil para ser titular, mas precisa evoluir.
Bruninho - Foi burocrático durante 60 minutos, cedendo um pouco de espaço no meio e sem apoiar o ataque. Na etapa final perdeu um gol incrível, que poderia ter selado o empate.
Wendel - O mesmo de sempre. Não decide, mas não compromete. No meio-campo, fez o feijão com arroz no primeiro tempo. Na lateral, apoiou na boa e marcou bem pelo seu setor.
Gustavo - O melhor do Mogi. Caindo mais pela ponta, conseguiu dar ritmo ao jogo e acertou bons passes. Na etapa final atuou mais perto da área, arriscou chute e ainda converteu o pênalti. Toninho acerta ao apostar no armador, que precisa se manter ligado nos 220V para convencer a torcida.
Léo Artur - Ainda não me convenceu. Foi tão irregular quanto nos jogos-treinos, sem ser o atacante de ponta que incomoda a zaga rival. Arrisocu alguns chutes sem sucesso.
Ortigoza - É um brigador. Ajuda na defesa, faz o pivô e abre espaços para os companheiros. Mas tem um azar... Perdeu dois gols na cara do gol e quando roubou a bola do goleiro Felipe Alves não dominou bem, e perdeu a chance de deixar Léo Artur pronto pra marcar. Apesar dos pesares, merece nova chance.
Roniele - Não consigo o chamar de Roni e sim pelo nome da época de São Paulo. Também não consigo imaginar como caiu tecnicamente desde então. Pesado, sem ritmo, será uma das missões da comissão técnica para os 10 dias de parada entre a 2ª e a 3ª rodada.
Ruster - O garoto é chato, vai pra dentro, pentelha a zaga. Pela direita, criou boas chances na etapa final. Mas, pela pouca idade, ainda escolhe a pior opção ao executar a jogada. Deve ser aproveitado com muito carinho para render o que pode.
Jean Deretti - Último a entrar, mal tocou na bola. Está abaixo que os colegas fisicamente e tem potencial para brigar com Gustavo. Vai ter que lutar para agarrar a chance.
Toninho Cecílio - Prejudicado pelo gol no início, montou uma equipe leve, mas ainda sem objetividade ofensiva. Meio-campo com três volante deve ser revisto, porém, pode ter sido opção apenas pelo esquema 'futebol total' do Audax. Tem crédito pela montagem do elenco.
CONCEITO COLETIVO - AUDAX
Gostaria de ver Fernando Diniz no Atlético-MG. Ou no Internacional. Com tempo para impor sua filosofia. Em três anos teria potencial para brigar pela Libertadores. Mesmo com peças limitadas, consegue criar um padrão tático, uma disciplina, que torna muito difícil vencê-lo. É arriscado? Sem dúvida. Osório jogava assim no São Paulo. Mas o Audax é um time que chama a atenção. Ytalo e Rodrigo Andrade parecem ser os diferenciados tecnicamente de um time que se sobrepôs pelo gol precoce e o estilo sufocante de dominar o adversário.
0 comentários:
Postar um comentário