Vice-campeão brasileiro, bicampeão mineiro. E mais, peça chave no inédito título da Copa Libertadores de um grande clube e usado de forma recorrente na conquista da Copa das Confederações pelo Brasil. Todo esse currículo e o jogador retratado tem apenas 20 anos de idade. E olha que ele não tem a grife de um Neymar ou um Alexandre Pato.
Bernard Anicio Caldeira Duarte ainda estaria nos aspirantes de qualquer potência brasileira há 30 anos, mas, hoje, foi anunciada sua venda para o futebol europeu por R$ 77 milhões. Aí você pensa: "que ótima venda fez o Atlético-MG. Bernard é jovem, e o Galo conseguiu toda essa grana". OK. Pensando com uma visão "globalizada" (vide o caso: Neymar, enfim, no Barcelona!!!), pode até estar correto.
Mas é impossível não lamentar a saída prematura de mais uma jóia deste quilate. E pior. Para o futebol ucraniano. A ex-república soviética pesca bons valores no Brasil como se jogasse uma tarrafa em um aquário de rack. O outlet do leste europeu mostra o quanto é fácil vir aqui no Brasil e tirar nossos bons valores. E é neste ponto que mais lamento. Bernard não saiu do Brasil para atuar no Manchetser United, Real Madrid ou Bayern. Tampouco, em um Atlético Madrid, Arsenal ou Borussia Dortmund, equipes que não são as coqueluches de seus países, mas que tem dimensões mais dilatadas que um Shakhtar.
Para não dizer que apenas atiro pedras, o fato de o clube ter uma legião com agora 12 brasileiros ameniza o famigerado problema da adaptação. Por lá estão o zagueiro Ismaily, os meias Alan Patrick
(emprestado ao Internacional), Alex Teixeira, Douglas Costa, Fernando,
Fred, Ilsinho e Taison e os atacantes Luiz Adriano, Maicon e Wellington
Nem. Porém, a própria concorrência com os compatriotas pode frear o crescimento de um Bernard, titular absoluto no Galo e que tinha tudo para ser um dos desafogos do Brasil na Copa de 2014.
Espero que mesmo na Ucrânia, o garoto conquiste seu crescimento e não se torne mais um jóia perdida em meio à avalanche de petrodólares que parte do cume ucraniano e abate nossos talentos por aqui.Mas, desejo ainda mais, que o Brasil possa ao menos resistir e concorrer, um dia, com ligas tão menores que as nossas e termos, por perto, jogadores da qualidade de um Bernard.