Nos últimos meses, o setor de Recursos Humanos do Céu está com trabalho em demasia. Principalmente quando o assunto é futebol. Gilmar dos Santos Neves, Nilton Santos, Eusébio. A celestial seleção agora ganhou um novo técnico. Luis Aragonés faleceu neste sábado. No primeiro dia de fevereiro, o pioneiro da temida geração espanhola foi contratado por Deus.
Aos 75 anos, ele encerrou sua última partida. Contra a leucemia, Aragonés foi bravo. Assim como foi em 2008. No maior feito de sua carreira, acabou com o estigma de perdedor que existia na Seleção Espanhola. La Roja, como ele mesmo batizou, imprimiu na Áustria-Suíça um estilo dinâmico, com prioridade ao toque de bola. Lá, chamam de tiki-taka. Eu chamo de espetáculo.
Com Casillas, Villa, Fábregas e principalmente Fernando Torres inspirados, a Espanha de Aragonés superou rival por rival e após o 1 a 0 sobre a favorita Alemanha, ganhou a Eurocopa. Foi o fim de 44 anos de jejum. Foi o começo de um domínio que perdura até hoje. Já sob o comando de Vicente del Bosque, a Fúria ganhou a Copa do Mundo de 2010 e a Euro-2012. Culpa de Aragonés. O Barcelona, clube do qual também foi treinador, fez a limpa nos troféus ao melhor estilo Aragonés. Guardiola, como ótimo aluno, aplicou as aulas de Aragonés e o Barça marcou época na Espanha e na Europa.
Quem também tem muito a agradecer a Aragonés é o meu Atlético de Madrid. Como jogador, 215 gols em 450 jogos. Como técnico, quatro passagens e uma das mais simbólicas, em 2001, tirou os Colchoneros da Segunda Divisão. O treinador ainda passou por clubes como Bétis, Valencia, Sevilla, Espanyol e Mallorca. O treinador passou do mundo dos comuns para os imortais. Se hoje tememos e, por vezes, cultuamos a Espanha, é culpa deste homem. Adiós, Don Luis!