Clássico inglês, em uma manhã de domingo e em uma atmosfera decisiva. A soma destas circunstâncias é um pesadelo na carreira de um jogador que bilhões de pessoas sonharam em ter. Steven Gerrard é um dos maiores ídolos da história do Liverpool. Não há como negar. Mas dois capítulos ameaçam manchar toda a entrega que o britânico ofereceu a ser aficcionados. Neste domingo (22), o Liverpool perdeu por 2 a 1 para o Manchester United, tal como, na temporada passada, caiu por 2 a 0 para o Chelsea. Há quase um ano, o revés para os Blues foi dolorida. O escorregão de Gerrard pôs a bola nos pés de Demba Ba, que marcou o primeiro gol e abriu caminho para o Manchester City tirar dos Reds a chance de quebrar um jejum de 24 temporadas.
O clássico poderia ter terminado 3 a 1 para o United. Blind sofreu pênalti de Can, Rooney bateu, mas seu histórico em Anfield prevaleceu. Mignollet defendeu e o atacante segue com apenas um gol em agora 13 visitas ao estádio do seu rival desde os tempos de Everton...Gerrard perseguiu este título como se fosse a última meta de sua vida. Não de sua carreira. O trauma ficou, mas a infelicidade, o azar, evitam qualquer crítica mais azeda em relação ao capitão. Mas neste domingo, a mesma perna que escorregou em Anfield Road, agrediu Ander Herrera. Gerrard começou no banco, já que o time titular deslanchou em sua ausência, por lesão.
Mas o Liverpool precisa do seu camisa 8. No confronto direto com o United, os red Devils venciam por 1 a 0. O gol de Juan Mata, após lindo passe de Herrera, tornava a missão dos Reds de voltar à Liga dos Campeões mais difícil. Gerrard entrou na vaga de Lallana, que perdera um gol imperdível quando o placar marcava 1 a 0 para os visitantes.
Quando Gerrard entrou, confesso que pensei. "Ele vai fazer dois gols e a história do seu último clássico com o United será daquelas de cinema". O roteiro até é hollywoodiano, mas com o capitão como vilão. Com 30 segundos em campo, Gerrard dividiu com Mata, depois sofreu falta de Herrera, mas deixou a chuteira no espanhol e foi expulso por Martin Atikson. Expulsão com 30 segundos. Um vermelho recorde no último clássico entre Reds e Reds Devils que Gerrard tanto deu seu sangue.
Desta vez, ao invés de estancar os problemas, ele abriu ainda mais a ferida. O time da Terra dos Beatles até tentou reagir, mas outro personagem deste domingo entrou em ação. Dí Maria, que entrara na etapa final para explorar os espaços de um desfalcado Liverpool, encontrou Juan Mata. O espanhol, com uma plasticidade enorme, acertou um voleio daqueles e enfiou a bola no canto direito baixo de Mignollet.
A diferença de dois gols e a cabeça atordoada pela expulsão de sua bússola, dificultou a reação. Phillip Coutinho, elogiado por Pelé (que assistiu ao jogo nas tribunas após ser homenageado no gramado do Anfield), até fez o que tem se acostumado a fazer. Roubou bola limpa, passou bola linda e Sturridge, expoente da grande campanha em 2015, descontou. Mas faltava algo mais. Faltava algo perdido em 30 segundos. Em poucos segundos, quase Balotelli (que também entrou na etapa final), foi expulso. O italiano dividiu com Smalling na linha lateral e revoltado, partia para cima do defensor quando torcedores o seguraram e pediram calma ao atacante. A imagem inusitada está em vine abaixo.
Ainda sobre expulsão, Martin Atikson acertou na de Gerrard, mas errou ao só dar amarelo para Phil Jones minutos depois. Como errou nesta temporada ao não expulsar Ashley Barnes em entrada ainda mais criminosa em Matic, do Chelsea, há algumas rodadas atrás. Como errou ao não dar vermelho para Skrtel, que pisou na canela de De Gea, em uma maldade burra do eslovaco. O Liverpool não pode esquecer que, apesar de agora estar mais distante, ainda está vivo. Com 54 pontos, o Liverpool está cinco atrás do United e a seis do Arsenal, mas, na próxima rodada, faz confronto direto justamente com os Gunners. E sem Gerrard. Cada vez causando menos saudade no torcedor que tanto o ama...
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