O torcedor menos desavisado ou amarrado a números pode até taxá-lo como ídolo. Não por menos. Paulinho Ceará está na história da Sociedade Esportiva Itapirense com dois acessos. Foi ele o técnico da Vermelhinha em 2007, quando o clube emergiu pela primeira vez à Série A3. Paulinho também estava no banco de reservas em 2013, quando o Coelho faturou o inédito acesso para a Série A2. Mas, é bom lembrar, que o rebaixamento para a Série A3, em 2014, também teve Paulinho como personagem. E um dos principais. Também é importante ressaltar a relação umbilical que mantém com Luiz Marcos de Paula, o presidente da Vermelhinha nas 'eras pré e pós' Flávio Boretti. Para falar sobre mais um capítulo deste nebuloso 2016 para a Itapirense, vamos com alguns fatos. E por etapas.
RESSURGIU - Paulinho Ceará assumiu a equipe nesta quinta-feira (10). A decisão foi tomada logo após o desligamento de Claudemir Peixoto. O técnico caiu após a derrota por 2 a 0 para o Flamengo de Guarulhos, em jogo realizado nesta quarta (9), pela 12ª rodada da competição. Peixoto, que já treinou a Esportiva em 2011 e na reta final da A3 do ano passado, não chegou a ser treinador de fato. O temor por uma demissão fez com que aparecesse nas súmulas como auxiliar técnico de Miller, já que o regulamento não permite que um treinador dirija dois clubes da primeira divisão (A1, A2 ou A3) na mesma temporada.
A queda prevista aconteceu. Claudemir foi comunicado nesta manhã do desligamento. O caminho ficou livre para Paulinho Ceará. No começo da temporada ele seria desvinculado do clube. Era um pedido da Itaquerão Soccer, parceira que rompeu o acordo com a Esportiva há quase um mês. Porém, sob a batuta do presidente, passou a transitar no clube. Em janeiro, quando o Blog o procurou para falar sobre as inscrições de jogadores, Paulinho disse não ter um cargo específico. Posteriormente, assumiu a condição de gerente de futebol.
DIRIGENTE - Paulinho foi um dos responsáveis por indicar uma série de jogadores para testes. Mais de 40 jogadores foram alimentados, a Esportiva gastou dinheiro e fechou o elenco com metade deste número. Por isso digo que a Vermelhinha destas 12 rodadas é guerreira. Mesmo com apenas 20 inscritos e muitas vezes com um número ínfimo de reservas, ocupa a 11ª posição e está a quatro pontos da zona de rebaixamento. Situação que poderia ser mais confortável caso as inscrições de atletas ocorressem com competência.
O agora técnico era um dos responsáveis por realizar as inscrições e se dirigiu diversas vezes até a FPF. Na última semana, conseguiram a façanha de registrar cinco reforços e não relacionados na listagem oficial da entidade. O prazo expirou na sexta-feira, 4. Devido a este deslize, o clube tem vínculo e pagará salários a jogadores que não serão usados na primeira fase. O zagueiro Lucas Dias, o goleiro Railson, os meias Allan Felipe e Emanuel e o atacante Tales não podem ser utilizados. A comissão técnica, agora comandada por Paulinho Ceará, terá apenas 20 nomes para trabalhar. Há seis jogos do fim da fase classificatória, a Esportiva faz três jogos como mandante e três como visitante. Com quatro vitórias seguidas no Chico Vieira, a Vermelhinha precisa manter o desempenho caseiro para sonhar com a fuga de uma degola que era óbvia no começo do campeonato.
O TÉCNICO - Agora, a aposta é nas estratégias de Paulinho, das quais eu costumo discordar. Não considero Paulinho técnico com nível para a Série A3. Cito aqui duas das diversas passagens que reforçam minha visão. Em 2014, na A2, a Esportiva massacrou o Catanduvense no primeiro tempo. Foram nove chances claras salvas pelo goleiro Veloso. A Bruxa vencia por 1 a 0 graças a um gol no minuto inicial, mas, estava perto de cair. A Itapirense era superior pois o ataque era leve e jogava pelas margens do campo, com Pardalzinho, Celsinho e Roberto Jacaré. A falta de força do Catanduvense era motivada pela marcação alta da Esportiva. Aí, Ceará resolveu mexer. Sacou o lateral esquerdo Jefferson e pôs o meia Valdeir. Finazzi entrou no lugar de Anderson Luiz. Aberta atrás e sem velocidade no ataque, a Itapirense parou de criar e perder por 3 a 0. Ceará foi demitido, Ruy Scarpino, que já acompanhava o jogo no estádio (pasmem) assumiu, mas, após um racha no elenco, Ceará voltou. Venceu apenas uma partida, foi personagem no vergonhoso ‘Cai-cai’ promovido em Santo André e, suspenso, não treinou a equipe no jogo que rebaixou a Esportiva, em Capivari.
No ano anterior, em que viveu com as glórias do acesso, Paulinho assumiu o elenco montado por João Batista. O ex-técnico do Guaçuano só caiu devido à saída do investidor Adilson Brito após interferências de Marcão, naquele momento apenas um candidato à presidência após o fim do mandato de Flávio Boretti. A equipe que chegou a golear o Palmeiras B e tinha um potencial ofensivo enorme passou a viver de emoções. Paulinho recuou a equipe, plantou três volantes e sacou Diego Costa, o melhor jogador do meio-campo itapirense.
Em Sertãozinho, a escalação sem o armador causou surpresas. Léo Carioca atuou por pouco tempo. Saiu aos 13 minutos e a expectativa era pela entrada de Diego Costa. Pablo fez o aquecimento, ‘bateu no peito’ e entrou. Insubordinação, diriam alguns. Atitude paga com lesão e Paulinho, obrigado, lançou Diego Costa. O meia entrou aos 4 minutos do segundo tempo, a esportiva perdia por 1 a 0 e três minutos depois ele marcou o gol. Quem vê o jogo sem saber dos bastidores pode falar em estrela do técnico, que acreditou em seu reserva. Mas não foi bem assim... Enfim, coleciono uma visão distinta de tática de jogo e de condução de grupo da adotada costumeiramente por Paulinho. Visões diferentes. Bem diferentes, simples assim.
CONSIDERAÇÕES FINAIS - Há um vício nesta relação Paulinho + Marcão que não é benéfica para o clube. O óbvio anúncio de Ceará como técnico é um deles. Era fácil apostar que até o final da A3 ele apareceria como treinador. Como participou diretamente de problemas que derrubaram Mirandinha e Claudemir Peixoto, abriu precedente para ser questionado sobre sua conduta. “Foi o Paulinho que derrubou?”. Seria leviano se afirmasse isso. Mas, as atitudes, as falhas ao não inscrever jogadores, a indicação de jogadores posteriormente não usados por seus antecessores.
A partir do momento em que há conflito de interesse, há o risco de ser contestado até por algo que não fez. Esta é a ponta do iceberg de erros que têm sempre os mesmos personagens na Esportiva. O torcedor espera que, seja lá quais foram os meios, que o fim seja sem rebaixamento. Que haja sucesso no trabalho e até, quem sabe, um novo acesso. Enquanto isso, quem vive os bastidores do clube, aguarda com expectativa o dia em que velhos processos sejam apenas velhas histórias...
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