Por João Gonçalves
Duas vitórias, uma dentro e uma fora de casa. Motivo para empolgação. Certo? Errado. Que o torcedor mais ponderado não caia na armadilha de enxergar o futebol apenas pelo resultado. Se é para dizer que está tudo certo quando ganha e tudo errado quando perde, então eu nem terminaria esse texto pois ele seria absolutamente inútil. A subida de rendimento do Mogi nas três últimas rodadas pode ter vários fatores. Porém, sem dúvida nenhuma, o principal deles é a questão física. Como já era esperado, o intervalo de dez dias entre o duelo diante da Ferroviária e o confronto contra o XV foi vital.
Vital também para Toninho perceber que seria necessário recorrer ao conceito basilar para montagem de uma equipe que não tem um super nível técnico. Reforçar a cozinha, proteger a casinha, fortalecer a trincheira. Embora tenha sido zagueiro quando profissional, esta não é a preferência de Cecílio, que gosta de um time leve, com bola no chão e transição rápida. Mas, a presença de Gabriel Dias ora atuando como terceiro zagueiro, ora como primeiro volante deu o equilíbrio tão desejado. Verdade é também que a dupla de zaga tem se portado bem, principalmente nas bolas aéreas(apesar do gol do Capivariano), mas Renato e Bruno Costa são dois rebatedores, sem qualidade para fazer a saída de bola sem a famigerada ligação direta. Aí é questão de gosto. Tem gente que prefere dois xerifões. Eu escolho sempre pelo menos um beque que saiba passar. E neste caso, Saimon que fez sua estreia nos dez minutos finais em Capivaria seria a pedida.
É cristalino como água de fonte a existência de um desnível de desempenho entre as laterais do Mogi. Bruno Teles é o melhor jogador do Sapo no torneio até o momento. Pela esquerda tem saída de jogo, passes em transição, tabelas, jogadas de linha de fundo e cruzamentos de qualidade como na jogada do primeiro gol.. Pela direita Weldel tem características mais defensivas, mas não deixa de tomar uma bolinha nas costas a toda hora. Não tem mais idade para exercer a função que mais exige resistência e velocidade no futebol moderno. No banco Alex Reinaldo pede passagem. Mais técnico, driblador e bom na bola parada ele poderia elevar o patamar de desempenho vermelhinho. Essa é até aqui minha principal discordância em relação ao trabalho muito bom desempenhado pelo treinador e seus auxiliares.
Do meio para frente uma opção que tem se pagado até o momento. O time joga com dois pontas abertos para ser incisivo nas jogadas de contra ataque. Isso, em alguns momentos, gera buracos no setor de meio e sobrecarrega a marcação. Mas é uma questão de escolha. Não se pode ter tudo numa mesma equipe.Assim, o trabalho de Lulinha é ainda mais importante. Ele ainda não fez gol. Mas dita o compasso do time, cadencia e acelera quando precisa. Ao meu ver tem feito o que dele se esperava quando contratado. Todavia, se quiser manter o modelo de jogo, Cecílio precisará buscar no mercado um jogador com as características de Keké e Léo. Eles não vão jogar todas e não tem bons reservas. Por último, ainda bem, estou tendo que dar meu braço a torcer. Não acreditava em Ronieri como centroavante, essa não é sua principal característica. Mas, sem pompa e cartaz ele vai se provando e Toninho vai ganhando a aposta.
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