Lucas Valério | Publicado em jornal O Impacto | Foto: Rafael Bertanha
O torcedor que costuma acessar a página oficial do Mogi Mirim se deparou com uma ausência nos últimos dias. O banner do programa ‘Sapo Torcedor’ foi retirado do ar, assim como qualquer referência ao projeto. A exclusão ocorreu anteontem, horas depois do presidente Luiz Henrique de Oliveira conceder entrevista no estádio Vail Chaves e dizer que o projeto estava suspenso. Apesar do clube manter as ações de marketing suspensas, a Rede de Vantagens, parceira no processo, garante que o programa irá voltar. Na manhã de anteontem, logo após a entrevista, o site oficial já não apresentava mais referências sobre o sócio-torcedor. A situação persistiu até o fechamento desta edição. Porém, o site www.sapotorcedor.com.br é normalmente acessado.
Lançado em setembro, o Sapo Torcedor foi uma das primeiras ações da ‘Era Luiz Henrique’. O projeto foi encabeçado por Paulo Amorim, então diretor de marketing do clube e visava prospectar recursos através da fidelidade dos torcedores. A essência do projeto, nas palavras dos dirigentes, era reaproximar a torcida. No lançamento já foi aberto o cadastro para aqueles que desejavam se tornar sócios-torcedores. Uma série de vantagens foi apresentada e três planos apresentados. As mensalidades variavam de R$ 20 a R$ 50 e os boletos começaram a ser emitidos a partir de outubro de 2015. Porém, desde novembro, quando um racha desestabilizou a vida política do clube, o programa ficou em segundo plano.
Nenhuma ação foi coloca em prática e até mesmo as promessas de descontos ou isenção na compra de ingressos não foram cumpridas. Nas redes sociais, adeptos ao programa questionaram a ausência de informações precisas e expuseram que, nas bilheterias do estádio, a informação repassada era de que o projeto não estava ativo. Assim, uma questão foi levantada. Como o programa não está em prática se a cobrança está ocorrendo naturalmente?
PRESIDENTE - Na quarta-feira, 17, durante o jogo do Mogi Mirim com o Linense, o presidente Luiz Henrique de Oliveira afirmou que o Sapo Torcedor seria suspenso para a criação de um novo projeto. Ele criticou a Rede de Vantagens, parceira do clube e responsável por emitir os boletos. Segundo ele, a empresa estava recebendo o dinheiro, mas, não repassando para o clube. “Nós estamos liberando a entrada dos torcedores que pagaram os boletos”, assegurou. O dirigente ainda afirmou que o clube não estaria tendo acesso aos dados do programa. “O Paulo Amorim (ex-diretor de marketing), primeiro, mandou a senha e o login errados e agora não tem passado as informações”, disparou. Oliveira destacou que, por este motivo, não teria, nem mesmo, acesso aos nomes dos sócios-torcedores ativos.
OUTRO LADO - Questionado pela reportagem sobre as declarações de Oliveira, Paulo Amorim afirmou ser uma tristeza ver o dirigente usando seu nome para se esquivar dos problemas do Mogi. O ex-diretor de marketing afirmou que, no dia 8 de dezembro, data em que se desligou do Sapo, enviou email com login e senha. Ele ainda manteve contato com outros departamentos, como a assessoria de imprensa, com e-mails orientando sobre os procedimentos junto à Rede de Vantagens. “Citar o meu nome neste assunto é um verdadeiro descalabro. Mesmo fora do clube ajudei no que foi possível. Claro que, a partir do momento que eu e minha equipe deixamos o clube, a empresa iria alterar os dados de acesso. São informações sigilosas e que devem ser acessadas apenas por quem está participando do processo”, enfatizou.
A suspensão do Sapo Torcedor também pegou de surpresa um dos parceiros do clube, a Rede de Vantagens. Sediada no Itaim Bibi, em São Paulo, a empresa tem como razão social a descrição White Club Licenciadora de Marcas, nome que aparece como ‘cedente’ nos boletos recebidos pelos sócios-torcedores. Rodrigo Lunardelli afirmou que em momento algum havia sido comunicada da decisão pelo Mogi Mirim e que, em tentativas de contatos anteriores, não obteve retorno. Aliás, quando Paulo Amorim deixou o clube, enviou à Rede de Vantagens dois contatos eletrônicos da presidência.
Sem comunicação com o Mogi Mirim, a empresa admitiu que houve atraso no repasse dos valores referentes a janeiro, mas que eles seriam normalizados. Os pagamentos relacionados a fevereiro seriam quitados mutuamente. Lunardelli explicou que, no banco de dados, haviam 38 sócios-torcedores cadastrados e apenas 14 ativos. O empresário chegou a afirmar que, em caso de rompimento com o clube, garantia o ressarcimento aos contribuintes que não usufruíram das vantagens.
SUSPENSÃO - Na manhã de ontem o clube emitiu uma nota oficial que mantém a suspensão temporária dos projetos de marketing iniciados em 2015. “A decisão é direcionada principalmente em questões de ordem técnica. O Departamento de Marketing do Mogi Mirim era de responsabilidade de uma agência de São Paulo e o clube não recebe há algum tempo informações e orientações sobre os projetos”. O documento publicado no site oficial diz que o clube irá tomar todas as medidas necessárias para que os torcedores não sejam prejudicados. “Nos próximos dias, a diretoria do Mogi Mirim irá informar todos os procedimentos que serão adotados para que o torcedor possa usufruir dos projetos de forma satisfatória”.
ACORDO - No final da tarde de anteontem, após conseguir falar com Oliveira por telefone, Lunardelli afirmou à reportagem que ouviu do presidente a garantia de que Sapo Torcedor irá voltar. “Ele inclusive vai disponibilizar uma agência de marketing para melhorar a divulgação do clube, aumentar a diversão e entretenimento nos jogos e divulgar mais o Mogi Mirim”. O empresário não revelou quando o clube receberá os valores referentes aos pagamentos quitados, já que há uma cláusula de confidencialidade no contrato. Nem mesmo a lista com os nomes dos sócios-torcedores pode ser revelada. A confiança foi tão grande no acerto que o representante da Rede de Vantagens cravou. “Não tem mais o que falar. Está tudo resolvido”.
Quem também entrou em contato com Oliveira foi Amorim. O diretor de marketing ajudou no reenvio dos dados para ao cesso ao backoffice do site Sapo Torcedor. “Assunto tão simples que em dois minutos de conversa já se resolveu. Não entendi porque não me ligaram ou ligaram para a Rede de Vantagens. Mas, o mais importante é que voltou tudo ao normal”. Já na tarde de ontem, a assessoria de comunicação do clube informou que nos próximos dias se reunirá com Lunardelli para acertar as diretrizes para a retomada do programa. Assim, o torcedor assiste de camarote (ou no concreto mesmo) a mais uma promessa de reaproximação entre clube e cidade.
0 comentários:
Postar um comentário