segunda-feira, 14 de março de 2016

Mogi Mirim 0 x 0 Oeste: O ataque precisa desabrochar

"Quando ganhamos, o mérito é de todos. Quanto perdemos, a culpa é de todos". O discurso padrão de jogadores de futebol tem lá sua lógica e também a necessidade de manter uma relação ética dentro de um grupo. Apesar do futebol ser um esporte coletivo, às vezes, determinadas peças ou setores chamam mais a atenção. Hoje, de forma negativa, o ataque do Mogi Mirim merece destaque. O empate em 0 a 0 com o Oeste neste domingo (13) escancarou que o ataque foi o setor menos privilegiado na montagem do elenco.

O Sapo cria poucas chances e quando chega na frente, desperdiça. Aos 5 minutos, Lulinha cobrou escanteio, Roni errou e Brinner quase fez o trabalho para o Mogi, acertando o travessão. Na etapa final, o mesmo Roni desperdiçou chance imperdível na área, acertando a trave de Jefferson Romário. É evidente que falta um centroavante do naipe de Bruno Mineiro, que não foi contratado por duas circunstâncias. Primeiro, quando fechou, preferiu (corretamente) priorizar um problema de saúde na sua família. O Mogi passou três semanas no aguardo de Mineiro e perdeu a chance de trazer um 'novo 9'.

Quando a filha se curou (Mineiro expôs a história recentemente em comovente entrevista), as portas da comissão seguiam receptivas, mas a diretoria vetou. Consideravam que Roni estava dando conta do recado. Não está. E nem deveria. 
Roni, artilheiro da equipe, cm três gols, teve noite para esquecer. Não o considero como camisa 9, tal qual Toninho Cecílio, seu avalista, já repetiu algumas vezes. Roni cairia muito bem como parceiro de um nove letal, em um esquema sem pontas e com dois meias (Deretti e Lulinha, por exemplo). A diretoria também teve a oportunidade de sacramentar negociações com outros dois bons finalizadores. Edmílson e Roger estiveram na órbita do clube, mas fecharam com o Red Bull Brasil.

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Ambos cairiam como uma luva e nem precisavam estar juntos no Toro Loko, já que apenas um costuma jogar. Roger já marcou seis gols, apenas dois a menos que todo o time do Mogi Mirim. Porém, ao falar do ataque, não dá para culpar apenas o centroavante. Os atacantes de lado até driblam, mas são frágeis na finalização. Keké teve chance de abrir o placar contra Santos, Botafogo e Oeste, mas perdeu. Ruster e Romildinho estão tão verdes quanto Keké e Léo Artur, apesar de ter marcado dois gols, não convenceu. Reparem o quanto as jogadas dos pontas são mascadas, meio que 'aos trancos e barrancos'. Falta também uma compactação melhor com os meias, mais passagens dos laterais (apenas Teles desce com desenvoltura) e presença mais constante dos volantes como surpresa.

No melhor momento do clube no Paulistão, Bruninho apareceu bem na frente. Josa e Gabriel Dias são cães de guarda. Wendel, improvisado na lateral direita, é mais marcador do que uma peça que alimenta o ataque. Caso houvesse uma eficiência defensiva preterindo uma aposta mais ofensiva, poderiamos relevar. Mas, lá atrás, também há fragilidade. O Oeste pouco martelou, mas quando o fez, foi perigoso. No primeiro tempo, em lance de bola parada, Ricardo Bueno acertou a trave de Daniel. Mais uma vez plantada, a defesa deixou o pequenino Renan Motta cabecear e Daniel salvou com linda defesa. O meia também mostrou a deficiência do Sapo por baixo, quando invadiu a área sem ser incomodado e acertou a trave. Não é do feitio de Flávio Araújo investir na defesa. Respeito o conceito de jogo do treinador, que ainda está conhecendo o elenco que lhe foi dado.

Ainda assim insisto. Pelas características das peças que o Sapo tem, arriscaria um 3-5-2. Os zagueiros são inteligentes, se posicionam bem, mas, são pesados. Plantaria Renato Santos como líbero, Saimon pela direita e Bruno Costa pela esquerda. Alex Reinaldo e Bruno Teles teriam liberdade para atacarem como alas e seriam protegidos por um meio-campo com Bruninho e Gabriel Dias. Lulinha, Gustavo (ou Jean Deretti) e Roni atuariam na frente. Neste esquema, o Mogi atacaria com 6 jogadores. Um dos volantes sempre preenchendo a lacuna esquecida pelo rival. Os dois alas desceriam simultaneamente, sendo que o que estiver do lado oposto ao da bola, centralizaria, aumentando o leque ofensivo. Com dois meias e sem pontas, a abertura para os alas de passagem poderia ser mais precisa, resultando em mais chances para o próprio centroavante. Não gosto deste esquema, só apostaria nele pelo que vi nas nove partidas deste elenco manco montado pela diretoria. Há boas peças, há valores que estão atuando abaixo do próprio nível. Mas, se vacilaram na montagem do ataque, que se reinvente enquanto é tempo. Caso contrário acontecerá o que ouvi na saída do estádio: "Este jogo vai se repetir em 2017. Na A2...". 


NÚMEROS - O Sapo tem o quarto pior ataque do Paulistão. Marcou apenas oito gols e nove jogos. Nos últimos quatro duelos fez apenas uma vez. Desde o gol de Wendel, na derrota para o Santos, o setor passou em branco. São Paulo, Botafogo e Oeste não sofreram gols do Mogi. O confronto com o Rubrão também já indicava uma alta chance de 0 a 0. O Oeste tem o pior ataque do estadual, com seis gols anotados. Marcelinho Paraíba, um de seus raros destaques, estava suspenso. O histórico recente também era um bom indicativo. Após o duelo de ontem, Mogi e Oeste completaram três confrontos em branco. São 270 minutos sem gols no duelo. Além do empate deste domingo, aconteceram outras duas igualdades nulas na Série B de 2015. O último duelo com rede balançando entre as equipes foi no Paulistão de 2013 e, claro, com placar mirrado: 1 a 0 para o Sapo em Mogi Mirim. 

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