Corinthians e São Paulo fizeram mais um clássico em Itaquera. E o Corinthians venceu a quarta partida seguida no estádio. Uma freguesia de fato na nova casa corintiana. Assim como o Timão é freguês do São Paulo nos últimos jogos no Pacaembu, a antiga casa alugada, em que o Tricolor venceu os últimos três confrontos com o Alvinegro. A freguesia de Itaquera, porém, não simboliza apenas o que acontece quando ambos se encontram. É preciso ir além.
O São Paulo é um freguês de seus rivais e não consegue sair desta lona. Em 2015 fez 13 clássicos e venceu apenas duas vezes. Bateu Corinthians e Santos no Morumbi. Apanhou do Santos em duas eliminatórias, tomou sete gols em dois jogos do Palmeiras na Allianz Parque e ainda sofreu o eterno 6 a 1 em Itaquera. Esses resultados não mediram a diferença das equipes, mas evidenciaram que o time estava longe de ser vencedor. O jejum de três anos sem taças demonstra que a amostra tem resultados verdadeiros.
A diretoria então resolveu diagnosticar os problemas para esta falta de DNA vencedor e contratou um técnico com duas Libertadores. A cobiçada Libertadores. Não renovou com Luís Fabiano, taxado de perdedor e não brigou por Pato, que carrega a pecha de alienado. Contratou Lugano para agradar a torcida e trazer voz ativa ao vestiário, ganhou um presente de seis meses com o bom Calleri e arriscou em peças de qualidade duvidosa, como Keiza, Kelvin e Mena.
Os pecados na transição foram expostos no primeiro grande desafio da temporada. Mais um clássico perdido. Mais um clássico mal jogado, o que é pior. Com o tema aberto é preciso abrir um parenteses e falar da força corintiana. O Timão já montou mais de 30 esquadrões melhores que o atual, mas, poucos foram tão aplicados taticamente quanto esse. Quiç[a nenhum. Quando dizem que o Corinthians joga com 12 eu concordo. Não é o árbitro, da piada hipócrita dos rivais e nem a torcida, do exagero criado (em uma bela jogada) por sua própria torcida. Hoje o camisa 12 é Tite e ele joga como um 10. O time caiu tecnicamente em relação a 2015 e talvez não faça uma temporada boa como no ano passado. Mas, graças a Tite, brigará em todas as frentes.
De volta ao São Paulo não há como não falar do personagem do final de semana no Paulistão. Enquanto Lucão sofre com as pedras, quem deveria garantir que ele fosse pouco utilizado segue quase intacto. Ataíde Gil Guerreiro, Gustavo Vieira e Leco, homens fortes do futebol, pecaram pela falta de três peças vitais. Um lateral-direito de verdade, um zagueiro com cacife para liderar tecnicamente o setor e um volante que proteja a defesa com poucas faltas e muita eficiência. Buffarini e Ortigoza agregariam qualidade ao grupo que segue refém de atletas de baixo nível técnico, como Bruno, Lucão e Hudson.
Lucão, o mais apedrejado após a entregada no clássico com o Corinthians, foi supervalorizado na base. Não é grosso, mas não tem condições de ser titular do São Paulo. Se apostam nele como fonte de receita no futuro, deveria estar emprestado para ganhar bagagem. Porém, se é o culpado por recuar mal, não tem culpa por estar ali. A diretoria está perto de confirmar Maicon, zagueiro de bons jogos pelo Porto e que precisará se readaptar ao futebol brasileiro. O São Paulo precisa de peças para ontem. Lugano é figura para daqui a pouco. Rodrigo Caio uma eterna promessa para o amanhã. Lyanco é limitado como Lucão e Breno ainda sofre com os problemas de outrora.
Além da montagem descalibrada há ainda a imagem surrada. O São Paulo que já foi espelho do vencedor Rogério Ceni ou do clássico Raí hoje é a cara de Lucão. Um time ingênuo, amedrontado pelas críticas que carrega quase sozinho em um time com peças de maior quilate e blindadas, como Ganso e Michel Bastos. A ingenuidade é tão grande que, mesmo pela quarta vez em Itaquera, o time não entrou em campo adaptado ao gramado escorregadio. O piso molhado em Itaquera é de conhecimento geral. Algo bem simbólico para um clube que patina há anos. A volta aos tempos de respeito ainda pode ocorrer, mas o São Paulo precisa da mesma reviravolta de Lucão. O zagueiro, pelo menos, assume os erros e carrega a cruz sozinho enquanto muita gente ainda prefere terceirizar as próprias falhas.
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